Título: Acusados negam ligação com esquema de fraudes
Autor: Macedo, Fausto; Pereira, Rodrigo
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2008, Nacional, p. A4

Paulinho não atende telefonemas desde domingo e seu ex-assessor avisa, por advogado, que só falará à Justiça

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), que é citado na investigação da Polícia Federal e foi filmado saindo de seu gabinete com seu ex-assessor João Pedro de Moura, não responde desde domingo aos telefonemas do Estado. O advogado de Moura informou que seu cliente só vai depor na Justiça.

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que não sabia do contato entre Moura e seu assessor Wellington Ferreira da Costa, que confirmou a visita dele a seu gabinete. O vice-presidente do PDT de São Paulo, José Gaspar, não foi localizado para justificar a citação de seu nome no relatório da PF.

O advogado Ricardo Tosto nega participação no esquema, assim como os defensores dos empresários Marcos Mantovani e Boris Timoner. A Prefeitura de Praia Grande nega irregularidades no empréstimo obtido no BNDES ou a participação do prefeito Alberto Mourão (PSDB) no esquema. Atribui eventual irregularidade ao assessor Jamil Issa Filho, preso na Operação Santa Tereza. Segundo a defesa de Issa Filho, ele depôs na PF e negou participação.

A empresas Lojas Marisa, em nota, nega envolvimento e afirma que as investigações são sobre Timoner, que lhe presta serviços e não é executivo da empresa. O advogado de Manuel Fernandes de Bastos Filho, Luiz Fernando Pacheco, disse que seu cliente não recebeu nenhuma obra licitada com financiamento do BNDES e ainda não se apresentou porque a Justiça não apreciou o pedido de reconsideração da prisão.

Iniciada há cinco meses, a Operação Santa Tereza descobriu que a organização estava infiltrada em instituições federais, ministérios e prefeituras de pelo menos cinco Estados. As escutas que a PF realizou, com autorização judicial, captaram diálogos dos principais integrantes do grupo com servidores de escalões diversos. Essas conversas indicam que Moura é o alvo maior da operação. Ex-conselheiro do BNDES, ele agia com desenvoltura na Câmara, em Brasília, e na sede do banco, no Rio, sempre falando em cifras milionárias.

Seguido por agentes federais, Moura foi filmado em São Paulo, Rio, Brasília e Campinas e flagrado nos corredores da Câmara, com uma mochila, nos gabinetes de Alves e de Paulinho. No Rio, reuniu-se no BNDES com seu sucessor no Conselho Administrativo. Nos grampos, foi pego tratando tanto do esquema do BNDES quanto dos projetos das Cidades - ministério com o maior aporte de dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das bandeiras do governo Lula.

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