Título: CPI apura gastos em lojas de servidores
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2008, Nacional, p. A7

473 funcionários são sócios de 452 locais que aceitaram cartões

Levantamento feito pelos deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Índio da Costa (DEM-RJ) detectou que 452 estabelecimentos que receberam pagamentos com cartões corporativos têm sócios que são, ou foram, servidores públicos comissionados. A pesquisa dos oposicionistas, integrantes da CPI dos Cartões, foi feita em um universo de 38.338 empresas que têm contrato com o governo para pagamento com cartão corporativo.

¿Há um descalabro na forma totalmente irregular com que o cartão corporativo vem sendo usado¿, disse Índio da Costa, que é sub-relator de Fiscalização da CPI. No levantamento, os deputados encontraram 473 servidores que são sócios dos 452 estabelecimentos - há empresas em que existe mais de um sócio servidor comissionado.

Esses servidores estão espalhados por 109 órgãos do governo federal: 320 estão no Poder Executivo, 134 no Legislativo, 9 trabalharam ou trabalham no Executivo e no Legislativo. Entre eles, dez são portadores de cartão corporativo - sete estão lotados no Executivo e três a CPI ainda não descobriu onde trabalham.

Para tentar identificar se houve tráfico de influência, os dois sub-relatores também verificaram o faturamento dos 452 estabelecimentos que aceitam pagamento com cartão corporativo e têm contrato com o governo. Os estabelecimentos tiveram um faturamento de R$ 615.423,48, entre o fim de 2002 e início de 2008, com cartão corporativo. Já em contratos com o poder público o montante foi bem maior: R$ 651.137.367,04, nos últimos cinco anos.

CRUZAMENTO DE DADOS

Do total de 11,5 mil portadores de cartão corporativo do governo federal, 1.104 fizeram transações com os 452 estabelecimentos. ¿Esse número pode ser maior porque só temos acesso aos dados não sigilosos¿, observou Sampaio.

No cruzamento de dados, os deputados descobriram o caso de uma funcionária comissionada do Ministério da Fazenda, que tinha cartão corporativo e fez uma compra no valor de R$ 20 em uma empresa de que foi sócia, no dia 12 de abril de 2007. Pelo levantamento dos dois deputados, a funcionária foi sócia da empresa entre 31 de outubro de 1995 e 15 de setembro de 2003. Ela assumiu o cargo em comissão no ministério no dia 12 de setembro de 2003, três dias antes de deixar a sociedade da empresa.

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