Título: Para o MEC, resultado de federais é um alerta
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2008, Vida&, p. A25

Secretária de Educação Superior admite que o mau desempenho das instituições no Enade servirá como um `sacolejo¿ para o ministério

O baixo rendimento de quatro instituições federais de Medicina no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) vai servir como um ¿sacolejo¿ para o Ministério da Educação (MEC) e para as próprias universidades, admitiu ontem a secretária substituta de Educação Superior (Sesu), Maria Ieda Diniz. ¿Todo esse processo poderá trazer no futuro bons resultados. Instituições farão reflexões internas. E o MEC, por sua vez, deverá dirigir um olhar mais específico para esses cursos¿, avaliou.

Anteontem, o MEC divulgou uma lista de 17 cursos de Medicina que serão submetidos a um processo de supervisão por terem apresentado baixo desempenho no Enade. Na lista, figuram quatro universidades federais: da Bahia, de Alagoas, do Pará e do Amazonas. Maria Ieda relatou que diretores dessas instituições passaram o dia de ontem fazendo uma análise das causas do resultado ruim.

Apesar do resultado no Enade, a secretária não admite que o nível de ensino nas quatro federais esteja abaixo do considerado adequado. ¿Qualquer análise seria precipitada. Vamos esperar antes o relatório das instituições¿, afirmou. Maria Ieda procurou ainda enfatizar que cursos de Medicina de instituições federais também estão entre os primeiros colocados no Enade. ¿Das 10 primeiras, 9 são federais¿, lembrou.

Os cursos com baixo desempenho terão dez dias de prazo para apresentar um diagnóstico dos problemas enfrentados e um plano de trabalho para melhorar a atuação. Caso esse termo não seja considerado adequado pelo MEC, equipes de auditores serão destacados para visitar cada instituição.

O mesmo tratamento será dado para as federais. Com uma diferença. Na condição de mantenedor, o MEC poderá destinar recursos extras para melhorar as condições desses cursos. Essa possibilidade já foi mencionada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. ¿Não sabemos ainda se isso será necessário. Em caso positivo, recursos extras serão destinados para esses locais¿, disse.

SEM ENERGIA

O prédio do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, no centro de Manaus, está funcionando parcialmente desde a segunda-feira por causa de problemas no fornecimento de energia às salas e laboratórios, denunciaram ontem estudantes do Diretório Acadêmico de Medicina. ¿O curso enfrenta uma série de dificuldades na infra-estrutura, desde salas de aula e ambulatórios até matéria-prima¿, disse Coracy Gonçalves Brasil Neto, do diretório. Os estudantes denunciaram que o novo ambulatório do curso, que devia ter sido entregue em outubro de 2006, não foi inaugurado por problemas no elevador. ¿Um dos pontos também urgentes é a revisão do currículo do curso, que é o mesmo desde 1985¿, diz Fernando Henrique Silva, também do diretório.

O pró-reitor de Ensino e Graduação da instituição, Bruce Osborne, disse que a universidade já trabalha para melhorar o curso e que os resultados do Enade são a ponta de um processo de avaliação mais completo.

O boicote aos exames do MEC é uma das explicações para o baixo rendimento do curso de Medicina da Universidade Federal do Pará. ¿Problemas, há, mas não na dimensão vista pelo MEC. O que existe, na verdade, é a falta de investimentos federais nos laboratórios. Alguns estão totalmente sucateados¿, avalia o ex-estudante de Medicina Cláudio Silva. Para ele, foi isso que revoltou os alunos e os levou a boicotar o Enade.

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