Título: Suíça culpa o Brasil por evasão de divisa
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2008, Economia, p. B7

Associação rebate acusações do governo brasileiro e diz que bancos do país apenas prestam serviços

Os bancos da Suíça criticaram ontem o governo brasileiro e se defenderam das acusações de que contribuem para a evasão de divisas do País. Nos últimos meses, grandes instituições financeiras suíças foram acusadas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas em suas atividades no Brasil. A Polícia Federal chegou a prender ao menos quatro altos funcionários de tradicionais instituições, como o UBS e o Credit Suisse.

Mas, para a Associação de Bancos da Suíça, a culpa pela evasão de impostos não é das instituições, mas do próprio sistema tributário brasileiro. ¿Os bancos, o UBS, ou qualquer outro não são os responsáveis pelas evasões. Estamos apenas prestando um serviço a nossos clientes. Não somos a polícia e não vamos julgar nossos clientes¿, afirmou Pierre Mirabaud, presidente da toda-poderosa entidade, que reúne os maiores bancos e defende seus interesses. ¿A culpa é de um sistema tributário que não funciona e gera essas distorções. Sabendo como os seres humanos são, sempre que a carga tributária for alta demais haverá evasão de impostos¿, afirmou.

Pela lei suíça, a evasão de divisas em um outro país não é crime e, portanto, um banco não tem a obrigação de dar satisfação sobre seu cliente. Há poucos meses, quem também saiu em defesa dos bancos suíços foi o presidente do país, Pascal Couchepin, que, mesmo sem saber o resultado das investigações no Brasil, garantiu que ¿os bancos são inocentes¿.

Na Suíça, 12% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, 6% da população economicamente ativa e 16% das receitas fiscais do governo vêm dos bancos.

Há menos de um mês, o suíço Christian Peter Weiss foi acusado de fazer remessas de clientes para o exterior sem declaração de recursos para o Fisco brasileiro. Desde 2006, outras operações contra os bancos Credit Suisse, AIG, Clariden e UBS teriam chegado à conclusão de que mais de US$ 1 bilhão foi enviado para fora do País de forma ilegal.

De olho nas fortunas brasileiras, uma série de bancos suíços vem expandindo sua atuação no mercado brasileiro. Em Genebra e Zurique, vários deles saem em busca de jovens talentos brasileiros para gerenciar contas nas praças financeiras da Suíça e com total sigilo.

Mirabaud garante que a Suíça ¿não é um paraíso fiscal¿ e que dinheiro sujo ¿não entra no país¿. Mas os suíços vem sendo pressionado por todos os lados a reformar suas leis. Os governos da Alemanha, Espanha, França e Itália se queixam dos suíços e, nos últimos anos, bilhões foram identificados no bancos de Genebra e Zurique com recursos dos principais ditadores africanos, latino-americanos e asiáticos. Hoje, 28% das fortunas mundiais estão depositados nos bancos na Suíça.

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