Título: Projeto muda e custo cai R$ 1 bilhão
Autor: Bahnemann, Wellington; Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2008, Economia, p. B3

Alteração até no local de construção de Jirau permitiu economizar na obra e oferecer energia mais barata

Uma das vertentes da estratégia do Consórcio Energia Sustentável do Brasil (Cesb), liderado pela Suez, para vencer o leilão da hidrelétrica de Jirau, realizado ontem em Brasília, foi a mudança do projeto original de engenharia desenvolvido por Furnas e Odebrecht. ¿É um novo arranjo (de usina), com prazos e custos menores do que o mercado imagina¿, disse o presidente da Suez no Brasil, Maurício Bähr.

A proposta vencedora de R$ 71,40/MWh para Jirau surpreendeu especialistas do setor elétrico, que não esperavam um preço inferior aos R$ 78,87/MWh verificados no leilão de Santo Antônio, realizado em dezembro de 2007.

Segundo o consórcio, as alterações na parte de obra civil possibilitaram economia de R$ 1 bilhão nesse item. A principal foi o deslocamento do local de instalação de Jirau em nove quilômetros, na direção da usina de Santo Antônio, o que permitirá reduzir os impactos ambientais do empreendimento em território boliviano. ¿A construção de um novo eixo para a usina também reduzirá em 36 milhões de metros cúbicos a necessidade de escavação na rocha do projeto¿, disse o presidente do Cesb, Victor-Frank Paranhos.

Outra diferença do novo projeto é a divisão das turbinas em duas casa de força. O projeto original previa uma grande casa de força única. Como conseqüência da mudança, a área alagada vai aumentar em 10 quilômetros quadrados.

Segundo Mauricio Bähr, essas mudanças não deverão dificultar a licença ambiental do Ibama. ¿Não deve haver dificuldade com o Ibama porque essa região que será alagada a mais já seria afetada pelo reservatório de Santo Antonio¿, disse Bähr, acrescentando que não teme uma demora maior na obtenção da licença. ¿Teremos uma discussão em bom nível e esperamos que o Ibama avalie os benefícios dessa mudança.¿ Maurício Bähr afirmou ainda que a menor quantidade de rocha escavada representa um ganho do ponto de vista ambiental.

Segundo Victor-Frank Paranhos, além da redução de custos, também a antecipação do início da geração permitiu ao consórcio reduzir em quase 22% o preço da energia de Jirau.

Segundo ele, essa antecipação vai liberar, antes do cronograma oficial, 1,975 milhão de MW médios para serem vendidos ao mercado livre de energia. ¿Ainda vamos calcular a taxa de retorno. Mas ela está em nível internacional. Caso contrário, a Suez não teria aceitado¿, disse.

O executivo afirmou que, apesar das mudanças no projeto, o consórcio espera obter as licenças necessárias para dar início às obras ainda este ano. Segundo Paranhos, o consórcio vai enviar, ainda este mês, o projeto básico ambiental de Jirau ao Ibama. ¿Esperamos obter a licença de instalação para o canteiro em agosto deste ano e licença para todo o projeto entre outubro e novembro.¿

Procurada, a assessoria de imprensa do Ibama disse que não vai se pronunciar sobre o tema por ainda não ter visto as alterações promovidas pelo Cesb no projeto original.