Título: Criação de empregos formais cai em abril, mas cresce no ano
Autor: Sobral, Isabel
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2008, Economia, p. B5

No mês passado, foram abertas 294,5 mil vagas com carteira assinada

A entressafra no ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste impediu o governo de comemorar ontem mais um recorde na geração de empregos formais em abril. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho registrou a abertura de 294,5 mil novas vagas com carteira assinada no mês passado. Esse saldo é 2,4% menor que o registrado em abril de 2007. Naquele mês do ano passado, foram criados 301,9 mil postos de trabalho formais.

No acumulado deste ano, entretanto, os 848,9 mil novos empregos formais superam em 21% o resultado de janeiro a abril do ano passado.

¿Essa diferença (entre abril de 2008 e abril de 2007) é quase insignificante se olharmos o ritmo do ano¿, afirmou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

O número de trabalhadores contratados formalmente em abril tornou-se o segundo melhor da série do Caged, iniciada em 1992, e representou um acréscimo de 1% sobre o estoque de ocupações formais existentes no País.

O Caged é um cadastro montado pelo Ministério do Trabalho com base nas informações mensais enviadas pelas empresas privadas sobre contratações e demissões feitas pelas regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

De acordo com o Ministério do Trabalho, o setor sucroalcooleiro em Alagoas e em Pernambuco registrou uma queda de 14,4 mil vagas formais no mês passado, o que influenciou na diminuição do ritmo de geração de empregos na comparação com o mesmo mês de 2007. Esse movimento teria alcançado desde o plantio da cana-de-açúcar até às atividades nas usinas de álcool e açúcar.

Por causa disso, o setor industrial registrou no mês a abertura de 82,7 mil empregos contra 103,7 mil verificados em abril do ano passado.

Na mesma comparação, a agropecuária também recuou de 41,2 mil para 38,6 mil postos.

¿Foi algo inesperado, mas sazonal. Tenho certeza de que maio registrará novamente um ritmo forte de empregos, especialmente por causa do comércio que tem a segunda melhor data de vendas em razão do Dia das Mães¿, afirmou Lupi.

PREVISÃO

Para o ano, o ministro do Trabalho mantém a previsão de geração de 1,8 milhão de empregos formais. Mas, para isso, ele voltou a defender que o Comitê de Política Monetária do Banco Central mantenha pelo menos a estabilidade na taxa básica de juros (Selic), que está atualmente em 11,75% ao ano.

De janeiro a abril, a construção civil foi o setor da economia com maior taxa de crescimento de empregos formais, de acordo com o Caged.

Foram abertos nesse período, 131,8 mil novos postos de trabalho nesse segmento, quase duas vezes mais o número gerado nos mesmos meses do ano passado, de 65,3 mil vagas.

Os serviços abriram 310 mil vagas de emprego formal no primeiro quadrimestre deste ano enquanto a indústria de transformação acumulou 228,9 mil novos postos de trabalho. Já a agricultura registrou 87,3 mil novas vagas de janeiro a abril, apontou os números do Caged.