Título: Estatal vai gastar US$ 20 bi para construir sondas
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2008, Economia, p. B7

Programa destina-se à perfuração de petróleo abaixo da camada de sal

Representantes da indústria naval brasileira foram convocados para uma reunião ontem com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para detalhamento de um plano de investimentos superior a US$ 20 bilhões. O objetivo do programa é atender as demandas de perfuração de campos na área de pré-sal, na Bacia de Santos. Fontes informam que a megaencomenda prevê a construção de 30 sondas de perfuração no Brasil, além do afretamento de outras 18 no mercado internacional.

Segundo as mesmas fontes, a licitação para a construção dos equipamentos no País seria lançada em lotes de até sete unidades cada, com previsão de entrega a partir de 2012.

A Casa Civil confirmou ontem a agenda da ministra, com reuniões com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ; com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; com o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, e com representantes do setor naval. Na pauta, segundo a assessoria, a discussão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

De acordo com o que o Estado apurou, seria detalhado o lançamento de programas para a construção de navios no País, cuja divulgação deve acontecer na próxima segunda-feira, no Rio, com a participação do presidente Lula. Na semana passada, Gabrielli havia informado, durante o anúncio da política industrial, que a estatal lançaria um pacote para a construção de 146 embarcações de apoio às plataformas de petróleo.

Além desse pacote, a Transpetro - subsidiária da Petrobrás para a área de transporte - deve anunciar a segunda leva de encomendas de navios petroleiros para o seu programa de renovação da frota, que na primeira fase contratou 26 navios. Um segundo pacote de mais de 20 petroleiros também deve ser lançado pela estatal, mas sob o formato de afretamento. Esses navios também serão construídos no Brasil, mas ficarão sob o guarda-chuva da área de Abastecimento e terão contratos de 15 anos, sendo operados por tripulação brasileira.

Entre estes navios, está previsto o afretamento de pelo menos dois VLCC (Very Lage Crude Carrier), considerados os maiores petroleiros do mundo e avaliados no mercado internacional em US$ 180 milhões cada um. Já no caso das sondas, a opção da Petrobrás será pela construção de semi-submersíveis especializadas em águas ultraprofundas. Hoje, todas as unidades semelhantes a ela estão contratadas.

Os estaleiros mais cotados para realizar as obras das sondas de perfuração de águas ultraprofundas são o Jurong, associado ao Mac Laren, de Niterói; o Keppel; o Atlântico Sul, das construtoras Queiroz Galvão e Camargo Corrêa; o Rio Grande, do Grupo WTorre, no Rio Grande do Sul; e possivelmente o Sermetal, no Rio, com algumas adaptações.

Também o dique seco que está sendo construído no Sul do País, e está arrendado à Petrobras, teria disponibilidade de abrigar as obras para o pacote, que prevê até 30 sondas destinadas a águas profundas. Cada um dos lotes a serem licitados deve movimentar algo em torno de US$ 4,2 bilhões.

Apesar de não ter tradição na construção de sondas de perfuração de áreas de petróleo localizadas em águas ultraprofundas, o Brasil já tem hoje empresas que atuam no segmento, como a Jurong e a Keppel, ambas com sede em Cingapura.