Título: OMS quer controlar consumo de álcool
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2008, Vida&, p. A13

Itamaraty diz que houve lobby das empresas e resolução aprovada é fraca

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou a abertura de negociações para a criação de uma estratégia mundial de controle do consumo excessivo de álcool. A aprovação foi seguida de perto ontem em Genebra pelas fabricantes de bebidas, inclusive a Inbev, que enviou representantes brasileiros para a reunião. O Itamaraty e outros governos confirmaram ao Estado que as empresas fizeram lobby nos últimos dias nos corredores das Nações Unidas.

A OMS alerta que o consumo de álcool nos últimos anos aumentou de forma significativa, causando a alta de algumas doenças. Segundo a entidade, o álcool causa por ano 1,8 milhão de mortes. Nas Américas, a situação é uma das mais graves. Grande parte do crescimento no consumo ocorre nos países emergentes e o Brasil é motivo de preocupação dos especialistas. O País está classificado entre os mais problemáticos em termos de abuso de álcool.

Segundo a OMS, o consumo de bebidas nas Américas é 50% superior à média mundial. Os dados são resultado de uma pesquisa feita pelos médicos Jürgen Rehn, do Centre for Addiction and Mental Health, de Toronto, e da brasileira Maristela Monteiro, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Nas Américas, a bebida já é um fator de risco maior que o tabaco.

O governo dos Estados Unidos foi um dos que mais se opôs à resolução. Por influência das empresas e de alguns países, a resolução não toca em temas como elevação de impostos e restrições a locais de vendas.

O Itamaraty considerou a resolução ¿fraquíssima¿ e culpou a falta de entendimento entre os países pelo resultado. ¿A resolução mostrou que ninguém está preparado para lidar de frente com o assunto¿, disse um diplomata. O governo confirmou que foi contactado pela indústria para saber qual seria a posição do Itamaraty na votação.

Um dos pontos principais da resolução é de que uma estratégia não será necessariamente aplicada em qualquer parte do mundo e que as diferenças entre os hábitos dos países serão respeitadas. ¿A resolução é equilibrada e construtiva¿, avaliou a Global Alcohol Producers Group, da qual faz parte a Inbev.

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