Título: Brasil será beneficiado pelo aumento do consumo de carnes
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2008, Economia, p. B3

País ganha com aumento dos preços e criação de novos mercados, diz FAO

O Brasil será um dos grandes beneficiados pelo aumento da demanda, a criação de novos mercados e a inflação dos preços, segundo o relatório divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

O principal motivo para a alta dos preços das carnes será o crescimento das economias dos países emergentes, que estariam consumindo mais o produto, segundo a entidade. A produção mundial de carne bovina cresceu 2,3% em 2007. Projeta-se aumento de 1,1% para este ano, atingindo 68 milhões de toneladas. Esse crescimento ocorrerá nos países em desenvolvimento, que já respondem por 56% da produção do planeta.

O ritmo do crescimento no Brasil deve cair pela metade neste ano, afetado principalmente pelas restrições sanitárias impostas pela União Européia. É esperada uma alta de 2,5% em 2008. O Brasil tende a ganhar mais na carne de frango. Apesar da gripe aviária e do aumento dos custos, a demanda nos países em desenvolvimento vai continuar crescendo. Afinal, o frango é das carnes mais baratas que existem.

As projeções da FAO apontam que o mercado global de frango vai movimentar 4% mais que no ano anterior. O Brasil será responsável por 38% das exportações globais, graças ao forte crescimento da demanda de importação nos países da União Européia, da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, do Japão e de Hong Kong.

Os Estados Unidos vão disputar as compras com o Brasil. O país deve responder por um terço das vendas neste ano, segundo o relatório da FAO. A desvalorização do dólar deixou os exportadores americanos mais competitivos nos mercados da China e da Rússia.

CANA-DE-AÇÚCAR

O Brasil, embora seja disparado o maior exportador de açúcar do mundo, está perdendo espaço para a Índia no mercado asiático. A competição ficou mais acirrada desde o retorno desse país às exportações de açúcar. Segundo o relatório da FAO, o Brasil deve reduzir em 3,2% o carregamento de açúcar, para 20,8 milhões de toneladas, na safra 2007/2008.

A Índia tem vantagens competitivas de transporte em relação ao Brasil. As exportações do novo concorrente brasileiro devem atingir 2,7 milhões de toneladas, graças a um amplo plano de subsídios do governo.

De acordo com a FAO, o mercado internacional de açúcar deve permanecer estável por causa do enfraquecimento da demanda de importação. Países tradicionalmente importadores, como China, Indonésia, Paquistão e Rússia, estão produzindo mais açúcar.

A produção de açúcar no mundo deve exceder o consumo em 9,8 milhões de toneladas, contribuindo para o aumento dos estoques globais. O consumo desse alimento tem crescido, em média, 3,8% ao ano desde 2005, bem acima da taxa média de 2,5% dos últimos dez anos.

O consumo per capta deve sair de 23,6 para 23,9 quilos. Parte da contribuição tem vindo da Índia. Com o crescimento da economia e a queda dos preços, seus habitantes estão consumindo cada vez mais açúcar.

Só no Brasil, a produção estimada pela entidade da ONU é de 34,1 milhões de toneladas - um crescimento robusto de 6,6%, ou 2 milhões de toneladas, em relação à safra anterior.

A rápida popularização do etanol no Brasil está fazendo com que a maior parte dessa produção seja destinada ao etanol. Neste ano, de acordo com a FAO, 56% da produção de cana-de-açúcar vai para os tanques de carros bicombustível. No ano passado, esse porcentual estava em 50%.

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