Título: Rezende dirige projeto há 3 anos
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/05/2008, Economia, p. B11
Engenheiro agredido completa 30 anos de Eletrobrás
O engenheiro Paulo Fernando Rezende chegou ontem de manhã ao Rio e não quis falar sobre a agressão dos índios em Altamira. Depois de passar por uma clínica para refazer curativos e fazer exames médicos - levou seis pontos na sutura do corte no braço e apresentava vários hematomas pelo corpo -, foi direto para casa. Por telefone, complementou o depoimento dado à Polícia Federal, mas não quis dar entrevistas.
Aos 52 anos, Rezende completa este ano 30 anos de Eletrobrás e desde 2005 coordena o projeto de Belo Monte, obra que desperta polêmica desde que começou a ser cogitada em 1975. Na década de 80, o primeiro inventário do complexo hidrelétrico previa a instalação de 6 usinas, com um reservatório total de 18.300 km² e capacidade de geração de 20.375 MW.
O projeto atual reduziu volumes, área e quantidade de usinas, mas continua grandioso: a única hidrelétrica prevista terá potência de 11.181 MW (quase uma Itaipu) e seu reservatório inundará 440 quilômetros quadrados de floresta. Rezende, que coordena todos os estudos de Belo Monte, é um dos maiores entusiastas do projeto.
Em artigo recente, descreveu o complexo como alavancador do desenvolvimento regional, ¿não se tornando apenas um enclave na Amazônia para beneficiar o restante do País¿. No texto ¿Belo Monte: estabelecendo novos paradigmas¿, assinado em parceria com Carlos Moya, do Grupo Odebrecht, sócia da Eletrobrás na avaliação do projeto, ele garante que a obra não trará prejuízo às comunidades indígenas:
¿O processo de discussão de avaliação social, ambiental e econômica de Belo Monte já dura 20 anos, tendo o projeto sido sucessivamente otimizado, em função das novas questões sociais e ambientais. Não há nenhuma terra indígena alagada. Operando a fio d¿água (sem acumular água no reservatório), sua cota de alagamento será semelhante à quela das cheias anuais do Xingu em Altamira, o que implica remover a população menos favorecida que hoje ocupa os igarapés alagáveis da cidade e que já enfrentam calamidades anuais. Tais famílias, que já sofrem com as cheias, serão reassentadas em locais seguros e em condições mais fatoráveis que as atuais. Já no trecho do rio baixo (a jusante) da barragem principal, as vazões ecológicas a serem determinadas pelos estudos socioambientais deverão ser mantidas pelo futuro operador, observando os condicionantes do próprio licenciamento ambiental.¿
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