Título: Crescimento econômico desacelera
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2008, Economia, p. B1

O ritmo de crescimento da atividade econômica atingiu o topo e começou a se acomodar neste mês. Não se trata de uma virada, mas de uma perda de fôlego que já é notada no comércio varejista e em vários setores da indústria. Fabricantes de alimentos, embalagens plásticas, caixas de papelão ondulado, eletrodomésticos e eletrônicos, por exemplo, detectaram uma redução na velocidade dos negócios que ainda não está consolidada nos indicadores.

O enfraquecimento da demanda externa, as altas sucessivas dos juros básicos e o aumento da inflação, que mina o poder de compra do consumidor, são apontados por empresários e economistas como fatores que provocam hoje um certo esfriamento no ritmo de atividade que deve ganhar contornos mais nítidos no segundo semestre.

¿O mercado está andando de lado¿, afirma Sergio Amoroso, presidente do Grupo Orsa, um dos gigantes da indústria de embalagem de papelão. Ele conta que, no mês passado, paralisou durante seis dias a produção de papel miolo para ajustar os estoques à demanda menor. Segundo ele, ainda não há queda ante 2007, mas o volume de negócios parou de crescer e repete o nível de 2007.

Para Amoroso, essa estagnação é reflexo do aumento das importações de bens duráveis e do recuo das exportações de carnes . Dados da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) mostram que, pelo segundo mês seguido, as vendas do produto em volume estão menores que no mesmo período de 2007. A queda foi de 6,42% em março, de 0,42% em abril e de 0,66% no ano.

¿Trata-se de uma acomodação, mas estamos preocupados¿, diz o presidente da ABPO, Paulo Sérgio Peres. Sua preocupação com uma possível desaceleração na produção da indústria tem motivos. É que 35% das vendas do setor são para fabricantes de alimentos, que também mostram perda de fôlego nos negócios.

Para o gerente do Departamento de Economia da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, Amilcar Lacerda de Almeida, o crescimento do volume (8,1%) e do faturamento (7,4%) do primeiro trimestre deste ano, ante o mesmo período de 2007, não se repetirá neste trimestre. Ele observa que o setor vem perdendo estímulos importantes, como a exportação, que está em ritmo menor, e a estabilidade dos preços dos alimentos, que funcionava como indutor do consumo.

¿No primeiro trimestre, a produção estava mais acelerado que hoje¿, confirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Filmes Flexíveis, José Ricardo Roriz Coelho. Ele diz que a acomodação no ritmo de negócios não está restrita à indústria de alimentos, mas atinge os fabricantes de celular, computadores, entre outros que usam embalagens flexíveis. Roriz frisa que hoje a indústria está na primeira etapa do ajuste, enxugando os estoques. ¿A etapa seguinte é a redução de turnos.¿

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