Título: Direção do PT ameaça derrubar aliança em BH
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/05/2008, Nacional, p. A7

Se Lula não interferir, comando do partido deve se opor a aliança com o tucano Aécio Neves

De nada valeram até agora as negociações e a aprovação da aliança entre petistas e tucanos para a eleição à Prefeitura de Belo Horizonte por parte dos diretórios municipal e estadual do PT em Minas. Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não entrar em campo, tudo indica que o comando nacional do PT manterá o veto à parceria com o PSDB do governador Aécio Neves. Ciente de que a crise ameaça bater à sua porta, Aécio admite, em conversas reservadas, dar apoio branco à coligação na disputa da capital mineira.

Um mês e dois dias depois de uma dura resolução política que proibiu o casamento de papel passado com os tucanos na eleição de outubro, a Executiva Nacional do PT voltará a se reunir hoje para mexer no vespeiro. A tendência é de que a cúpula deixe tudo como está e empurre a decisão final para o encontro do Diretório Nacional do partido, marcado para sexta-feira e sábado.

Articulador do acordo com Aécio, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), esteve em Brasília na terça-feira passada - pela segunda vez em duas semanas. No mais fiel estilo do mineiro que trabalha em silêncio, fez corpo-a-corpo pelos corredores do Congresso e tentou virar votos de integrantes da Executiva contrários à parceria. Pouco obteve.

¿Eu não perdi a esperança¿, afirmou Pimentel, que não acredita em intervenção do PT no diretório municipal. ¿É mais difícil explicar por que não queremos o apoio do PSDB em Belo Horizonte do que por que o aceitamos. Nosso partido às vezes paga preço alto por se isolar.¿

FANTASMAS

O prefeito e o governador planejaram a aliança em torno da candidatura de Márcio Lacerda (PSB) para a Prefeitura de Belo Horizonte no início do ano. O plano de lançar um concorrente de partido neutro (PSB), tendo como vice o deputado estadual Roberto Carvalho (PT), foi feito sob medida para driblar a união com o PSDB. A resistência na seara petista, porém, foi maior do que a expectativa.

Afilhado político do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), outro presidenciável, Lacerda é secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Aécio e sempre foi visto com desconfiança pelo PT. Embora Lula tenha dito que considera a aliança ¿normal e conveniente¿, a maioria da cúpula do partido torce o nariz para a dobradinha.

O argumento é que a parceria só fortalece o governador mineiro, pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial, em 2010, num provável embate mais à frente contra o PT.

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