Título: CVM investiga BB e Nossa Caixa
Autor: Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/05/2008, Economia, p. B3

Movimentação atípica com papéis dos dois bancos antes da notícia do acordo de venda chama a atenção

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu investigar os negócios com ações do Banco do Brasil (BB) e da Nossa Caixa. Isso porque foi constatada movimentação atípica dos papéis antes de o BB anunciar, em fato relevante, na quarta-feira à noite, que está negociando com o governo paulista a incorporação do banco estadual.

A investigação deve verificar se houve irregularidade e, nesse caso, identificá-la. A movimentação atípica não necessariamente significa que houve informação privilegiada. A CVM acompanha diariamente a movimentação das ações e filtra, por critérios técnicos e para exame, aquelas que se diferenciam muito. O procedimento é considerado de rotina.

Na terça-feira, um dia antes da divulgação do fato relevante, as ações ordinárias da Nossa Caixa cotadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiam para R$ 27. Na sexta-feira, dispararam 31,52% e chegaram a R$ 36,30, mesmo com o Ibovespa fechando o dia em baixa de 1,17%.

A valorização das ações da Nossa Caixa e do BB nos dias anteriores ao fato relevante vinha sendo explicada como conseqüência dos balanços das instituições, divulgados respectivamente nos dias 14 e 15 deste mês. O lucro do BB foi superior aos de Bradesco e Itaú, os dois maiores bancos privados do País. A Nossa Caixa, por sua vez, teve lucro líquido de R$ 114,851 milhões no primeiro trimestre de 2008, alta de 30,96% ante o mesmo período de 2007.

Outra razão que vinha sendo apontada para a valorização dos papéis da Nossa Caixa foi a informação, divulgada durante a apresentação do balanço, de que a instituição esperava aumentar em 50% a sua carteira de crédito para pessoas jurídicas, que no fim do primeiro trimestre somava R$ 2,5 bilhões.

ACORDO

O primeiro passo para a concretização da venda da Nossa Caixa ao BB pode ser dado amanhã, com a assinatura de um acordo de confidencialidade. A medida serve para garantir que nenhuma informação sobre os negócios da Nossa Caixa vaze antes do processo de due dilligency, que é quando o comprador faz uma auditoria das contas da empresa pela qual ele está interessado.

Por ora, as informações usadas nas conversas entre o BB e o governo do Estado devem ser as obtidas pelos Bancos Fator e Citibank, contratados para fazer um levantamento dos ativos de todas as estatais paulistas.

O governo estadual acredita que com esses parâmetros poderá definir um valor para a Nossa Caixa. A partir daí, seria possível fazer a primeira oferta ao BB. Os principais bancos privados do País, contudo, contestam a validade do negócio e pedem a realização de um leilão.

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