Título: Anotações mostram como foi feita a partilha
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2008, Nacional, p. A4

As anotações de Marcos Mantovani mostram como foi executada a partilha de R$ 2,6 milhões, equivalentes a 2% de R$ 130 milhões emprestados pelo BNDES para a Prefeitura de Praia Grande, onde a quadrilha tinha ramificações, segundo a Polícia Federal.

Metade, ou R$ 1,3 milhão, teria sido destinada ao próprio Mantovani, que dividiu a propina em duas: 50% para os cofres de sua empresa, a Progus Consultoria e Assessoria, e 50% para três pessoas, cujos nomes foram lançados na margem direita do documento: Paulinho, Tosto e Gaspar.

A Polícia Federal diz que Tosto é Ricardo Tosto, advogado e conselheiro afastado do BNDES, e Gaspar é José Gaspar Ferraz, vice-presidente estadual do PDT.

A outra metade teria sido repartida entre quatro integrantes do núcleo principal da suposta quadrilha: Maneco (Manuel Bastos, dono da boate WE, que está foragido), J.P. (João Pedro de Moura, amigo de Paulinho), Jamil Issa Filho (assessor da Prefeitura de Praia Grande) e Boris Bitelman Timoner (lobista).

Há outros dados na planilha apreendida pela PF que mostram a preocupação de Mantovani com a emissão de nota fiscal para cobrir contratos inidôneos. A PF descobriu que a Progus emitia notas frias, na qualidade de prestadora de serviços.

Uma frase chamou a atenção dos investigadores : ¿Condição pagamento conforme cronograma de desembolso do banco.¿ Para a PF, o registro confirma que a propina era dividida mediante cada liberação de verbas do BNDES.

Uma outra frase, ao pé da página, fala em ¿desconto no ato despesa paga, mais ou menos R$ 44 mil¿.

O rascunho atribuído a Mantovani confirma o que a PF ouviu de viva voz dos próprios envolvidos - no grampo, eles falaram abertamente sobre a partilha do dinheiro.

À página 9 do relatório de investigação a PF cita conversa ¿de grande relevância¿, que interceptou no dia 23 de janeiro, às 14h46. Por cerca de meia hora, Maneco e Boris conversam sobre a fraude e divisão do dinheiro. O diálogo contém informações idênticas à do papel encontrado na Progus.

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