Título: Alimentos levam IPCA em 12 meses para 5%
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2008, Economia, p. B1

Essa barreira não era rompida desde março de 2006; consultorias já falam em rever projeções para o ano

A inflação oficial brasileira ultrapassou em abril a casa dos 5% em 12 meses. A última vez que essa barreira havia sido rompida foi em março de 2006, com 5,32%. O resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), nos 12 meses encerrados em abril, de 5,04%, pôs novamente de prontidão o governo e o mercado. No mês, a taxa foi de 0,55%, acima do índice de março (0,48%). Pressionada pelos alimentos, a inflação encerrou o quadrimestre com alta de 2,08%. No mesmo período de 2007, havia ficado em 1,51%.

¿Os dados mostram que há persistência de alta na inflação dos alimentos¿, disse a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina dos Santos. Somente em abril, os alimentos subiram 1,29%. Nos primeiros quatro meses do ano, os produtos alimentícios acumulam alta de 4,37%, quase o dobro dos 2,65% do mesmo período de 2007. O peso dos alimentos dentro do IPCA é de quase um quinto (22,04%) e os aumentos desses itens estão sendo praticamente generalizados.

Produtos freqüentes na mesa do trabalhador despontam na lista das maiores pressões inflacionárias. Entre os 15 com maior impacto aparecem o pão francês (alta de 13,99% no quadrimestre), frutas (9%) e leite pasteurizado (4,7%), além de feijão-preto (44,99%), óleo de soja (29,46%), tomate (84,34%), cebola (57,18%)e até refeições fora de casa (4,89%).

O cenário dos preços já leva algumas consultorias a reverem para cima as projeções para inflação no ano.

A Rosemberg&Associados ampliou de 4,9% para 5,5% a estimativa para o IPCA. A LCA manteve a projeção para o ano em 4,7%, mas admite que pode ser revista.

O avanço no custo dos alimentos penaliza ainda mais a classe de menor renda. Para os mesmos quatro meses de janeiro a abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) cravou 5,90%. Esse indicador leva em conta famílias com rendimento de um a seis salários mínimos. Já o IPCA considera famílias com ganhos até 40 salários. ¿As pessoas de mais baixa renda, como sempre, estão sendo mais prejudicadas pela inflação, porque alimentos têm peso maior¿, afirmou Eulina.

Segundo o IBGE, os destaques de queda foram o álcool combustível (-0,65%), gasolina (-0,14%) e energia elétrica (-0,49%).

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