Título: Serra corteja dissidentes do PMDB no Senado
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2008, Nacional, p. A10

Governador já havia se aproximado do partido em São Paulo por intermédio de Quércia

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), vê risco iminente de alta da inflação e adverte que o aumento dos juros não é remédio para conter o processo inflacionário em curso. Foi com esta análise do cenário econômico e críticas às ações do governo Lula que Serra se apresentou a um grupo de senadores da oposição na noite de terça-feira, em Brasília. Sem mencionar a eleição de 2010, ele adotou um tom informal, mas falou como se mostrasse o esboço de um programa futuro de governo.

Depois de ganhar o PMDB paulista de Orestes Quércia, que se aliou ao projeto de reeleição do prefeito da capital Gilberto Kassab (DEM), o governador tucano movimenta-se, agora, para conquistar peemedebistas do grupo dissidente do governo. O anfitrião da noite foi o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que convidou dois correligionários para jantar com Serra: os senadores Mão Santa (PI) e Geraldo Mesquita (AC). Serra sentiu a falta de Pedro Simon (PMDB-RS) e disse que quer vê-lo na próxima vinda a Brasília.

Além dos peemedebistas, a lista de convidados incluiu o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), e os senadores Papaleo Paes (PSDB-AP) e Demóstenes Torres (DEM-GO). Serra ouviu todos com atenção e dissertou sobre o governo federal, os problemas e as soluções que considera mais adequadas.

Diferentemente do discurso pós-Lula adotado pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), nas conversas com a cúpula governista do PMDB, Serra não hesitou em criticar o governo em sua estréia com os dissidentes que engrossam a oposição. ¿Os juros no Brasil já estão altos demais. O problema é o câmbio¿, disse o governador à platéia, lembrando que Lula ¿pegou o real a 4 dólares¿, valor reduzido praticamente à metade com a supervalorização do real.

Ele insistiu na tese de que elevar a Selic (taxa básica de juros) em mais 0,25 ou 0,50 ponto percentual não afastará o risco de alta inflacionária. E apesar de o Banco Central apontar para nova subida dos juros, Serra citou o presidente do BC, Henrique Meirelles, para dimensionar a gravidade do momento. ¿O Meirelles, que tem noção das coisas, deve estar preocupado¿, encerrou.

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