Título: Acusado de vazar dossiê pede para ser exonerado
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2008, Nacional, p. A12

Apontado como peça-chave na montagem e vazamento do dossiê com despesas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o auditor José Aparecido Nunes Pires pediu ontem exoneração da Secretaria de Controle Interno da Casa Civil.

Aparecido passou o dia de ontem sumido. A CPI dos Cartões não conseguiu entregar o ofício com sua convocação. No início da noite seu novo advogado, Maximiliano Telesca, entrou em contato com a presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), para avisar que seu cliente irá depor na Polícia Federal hoje ou amanhã.

Com receio das revelações de Aparecido sobre a montagem do dossiê na Casa Civil, os aliados exigiram a cópia de seu depoimento à PF antes do ex-secretário do Planalto depor à CPI. A base governista quer evitar surpresas com o teor do depoimento.

Ontem, num sinal de que não pretende falar e que sua exoneração pode ser um movimento sincronizado com o Planalto, Aparecido entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de habeas-corpus para ficar calado em depoimento à CPI, marcado para terça-feira.

No habeas-corpus, ele pede ainda que tenha assegurado o direito de não ser preso em flagrante pelo crime de desobediência, que não precise assinar termo de compromisso na comissão e que possa deixar de responder perguntas para não se incriminar. O pedido será julgado pelo ministro Carlos Ayres Britto.

A CPI aprovou a convocação de Aparecido anteontem. Ele foi o responsável por enviar ao assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) André Fernandes a cópia da planilha preparada no Planalto com gastos dos cartões corporativos.

Antes de depor à CPI, Aparecido deverá ser ouvido pela PF na investigação sobre o vazamento do dossiê. Sem saber o que Aparecido dirá aos integrantes da CPI, os governistas resolveram se resguardar e aprovar a convocação do secretário condicionada ao conhecimento do conteúdo de seu depoimento à PF.

¿Aprovamos que o José Aparecido e o André seriam ouvidos no mesmo dia pela CPI e depois que os documentos da PF com os dois depoimentos chegarem à comissão de inquérito¿, observou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC). ¿Precisamos dos depoimentos deles para termos subsídios para fazermos as perguntas¿, argumentou. Marisa Serrano remarcou ontem à noite os depoimentos para a próxima terça-feira. A previsão era que os dois fossem hoje à CPI.

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