Título: Corregedoria vê prova de que Paulinho quebrou decoro
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2008, Nacional, p. A12

Ele pode ser cassado por ligação em que se dispõe a influenciar apuração

A Corregedoria da Câmara já definiu o caminho para pedir a abertura de processo de perda de mandato do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical. Mesmo que não haja provas do suposto envolvimento de Paulinho no esquema de desvio de dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o deputado poderá ser processado por ferir o Código de Ética Parlamentar, infração verificada em conversa que manteve com o advogado Ricardo Tosto, ex-conselheiro da instituição. Na Câmara, o processo é disciplinar, e não criminal.

O telefonema de Tosto a Paulinho, revelado pelo Estado, ocorreu um dia depois de o ex-conselheiro ter deixado a carceragem da Polícia Federal. No diálogo, Paulinho afirma, segundo relatório da polícia, que vai ¿mexer os pauzinhos¿ no Congresso para convocar o ministro da Justiça, Tarso Genro, a fim de explicar por que Tosto havia sido preso.

Essa conversa foi interpretada por procuradores e policiais como uma forma de constranger e influenciar nos rumos da investigação e, na Câmara, pode significar a quebra de decoro parlamentar. O Código de Ética prevê perda de mandato para quem abusar das prerrogativas asseguradas aos membros do Congresso (inciso I do artigo 4º do Código de Ética). Ou seja, nesse caso, Paulinho poderia ter usado o mandato com a intenção de intimidar o ministro, superior hierárquico da PF.

O corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), disse ontem que a tendência é encaminhar a investigação sobre Paulinho para o Conselho de Ética. Ele afirmou que espera os dados do Ministério Público para concluir seu parecer e entregá-lo à Mesa Diretora em 48 horas. ¿Se os documentos forem convincentes, não resta dúvida de que o processo vai para o conselho, de modo a evitar perda de tempo.¿

Paulinho entregou ontem sua defesa ao corregedor. Reafirmou ser vítima de ¿perseguição política¿ por sua atuação em defesa dos trabalhadores. Disse que está buscando identificar as pessoas que o estariam perseguindo. ¿Um punhado de nomes¿, disse Paulinho ao deixar o gabinete do corregedor.

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