Título: Produção em novo poço começará logo, diz Petrobrás
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2008, Economia, p. B10

Diretor da estatal não estabelece prazo, mas diz que baixa profundidade facilitará a exploração da área

A nova descoberta de petróleo leve na Bacia de Santos, anunciada quinta-feira pela Petrobrás, foi feita em lâmina d¿água de 250 metros, profundidade ao menos oito vezes inferior à da área do chamado ¿pré-sal¿. Por isso, necessitará de investimentos e tecnologia também bem menores e deverá entrar em produção ¿muito rapidamente¿, segundo informou ontem o diretor da área de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, sem especificar prazos.

Mas a euforia inicial do mercado, que fez com que as ações da estatal subissem até 3,3% ontem durante o pregão, diminuiu à medida que começaram a circular rumores de que as novas reservas são de pequeno porte, equivalentes às do campo de Coral, Tubarão e Cavalo Marinho, vizinhos àquela área, no Pólo Sul da Bacia de Santos.

Naquele local, a maior capacidade de produção não ultrapassa 30 mil barris/dia. Os campos produtores gigantes da bacia de Campos chegam a 500 mil barris/dia. As reservas do bloco, que ainda não foi batizado pela Petrobrás e é identificado pela sigla BMS-40, são inferiores a 50 milhões de barris. Isso corresponde a apenas 1% da estimativa mais conservadora para o bloco de Tupi, também em Santos, mas na região do pré-sal, com potencial entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris.

Segundo Costa, no entanto, a nova descoberta é ¿extremamente importante¿ para a companhia, já que reúne óleo de alta qualidade com facilidade de extração. O primeiro poço perfurado no local obteve vazão de 12 mil barris por dia, volume considerado excelente na indústria do petróleo, e o mais alto já obtido no País. Em Marlim, o maior até então, havia sido obtido um volume de 10 mil barris por dia.

Além disso, o diretor lembrou que o óleo está situado em águas rasas, com 250 metros de profundidade. ¿Essa tecnologia é um feijão com arroz para a Petrobrás¿, comentou. ¿O investimento vai ser muito menor, bem menos do que no pré-sal, por exemplo, em que se tem lâmina d¿água de 2 mil metros e mais 5 mil de rocha. Isso vai possibilitar que coloquemos em produção muito rapidamente.¿

Outro fator que eleva o potencial da área, disse o diretor, é que o óleo no local possui 36 graus API (escala do American Petroleum Institute utilizada para medir a densidade relativa de líquidos). A medida é bastante superior à média encontrada no País, que fica em 20 graus API (quanto maior o indicador, maior valor tem o óleo).

Para o Brasil, encontrar óleo leve é uma excelente oportunidade para reduzir seu déficit com a balança comercial de petróleo, já que, apesar de auto-suficiente, o País ainda importa esse tipo de óleo para misturar ao produzido em território nacional, que é mais pesado. O óleo leve é ideal para produzir os chamados combustíveis claros, de maior valor agregado, como a gasolina e o diesel.

Segundo Costa, a Petrobrás conseguiu diminuir em abril o déficit acumulado em sua balança de exportações e importações para US$ 550 milhões, ante US$ 775 milhões nos primeiros três meses do ano. A expectativa é de encerrar o ano com superávit. ¿Acreditamos que o déficit passará a superávit já a partir de agosto¿, afirmou, lembrando que a reversão na balança comercial tem se dado por conta do aumento das exportações de petróleo bruto. No mês de março, segundo ele, a estatal bateu recorde de exportações, com 530 mil barris de petróleo.