Título: Alta do petróleo abate uma companhia aérea por semana
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Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2008, Negocios, p. B22

A britânica Silverjet é a vítima mais recente da alta do combustível, de 65% em um ano

Agências Internacionais

A escalada dos preços do petróleo tem feito vítimas em série no mundo da aviação. Desde o início de abril, nada menos que seis empresas fecharam as portas nos Estados Unidos - uma sétima ainda pediu concordata -, segundo dados da Associação do Transporte Aéreo do país (ATA). Levando-se em conta o período iniciado em 25 de dezembro, o número total de empresas que fecharam as portas no país sobe para 10.

Os problemas, claro, não estão restritos às empresas dos Estados Unidos. Ontem, a britânica Silverjet tornou-se a mais recente vítima do aumento dos preços do petróleo, segundo informações do jornal Financial Times. A empresa pediu falência, ficando sob intervenção. A companhia aérea especializada no segmento de negócios, que havia começou a voar de Londres para Nova York e Dubai no ano passado, pousou sua frota depois de não conseguir obter fundos de emergência de investidores do Oriente Médio.

Juntando a Silverjet às empresas americanas, a média de companhias aéreas que sucumbiram à crise é de praticamente uma por semana desde o início de abril.

Segundo informações da ATA, cada dólar a mais no barril de petróleo adiciona US$ 456 mil aos custos anuais com combustível das empresas aéreas americanas. Com o aumento do preço do barril acumulado nos últimos doze meses, o combustível para os aviões já subiu mais de 65%. ¿As empresas aéreas simplesmente não têm como pagar por isso¿, disse um porta-voz da ATA ao jornal britânico The Observer.

Além de terem de enfrentar o aumento dos custos, as empresas aéreas ainda vêm se deparando com uma dificuldade extra: os fornecedores de combustível estão exigindo das companhias o pagamento adiantado para fornecer o produto. Segundo fontes da indústria aérea, as empresas de petróleo têm negado crédito às grandes companhias americanas, e essa prática já começa a ser levada para a Europa e a Ásia.

Essa combinação de preço alto com falta de crédito pode trazer uma mudança substancial no panorama atual da aviação. ¿A indústria aérea está em uma encruzilhada¿, disse ao Observer Ray Neidl, analista de aviação do banco Calyon. ¿Acreditamos que, nos Estados Unidos, pelo menos 20% da oferta atual de assentos deve desaparecer, o equivalente à combinação das empresas US Airways, Continental Airlines e Frontier Airlines.¿

REFLEXO

A crise das empresas aéreas já começa a se refletir também nos fabricantes de aviões. Ontem, a companhia americana de baixo custo AirTran Airways anunciou ter pedido à Boeing o adiamento da entrega de 18 aviões modelo 737-700. A entrega dos aviões, que deveria ser em 2009 e 2001, passará para 2013 e 2014. ¿Como resultado dos constantes preços recordes dos combustíveis, estamos postergando nossos planos de crescimento¿, disse a empresa em um comunicado.

Esta semana, a americana JetBlue já havia informado que a entrega de 21 aviões Airbus A320, prevista para acontecer entre 2009 e 2011, havia sido adiada para 2014 e 2015. A empresa também citou o aumento dos custos com combustível como principal motivo para o adiamento. Segundo a JetBlue, o novo prazo vai ajudar a moderar sua taxa de crescimento em 2009 e, depois disso, vai melhorar sua liquidez.