Título: Mantega e Meirelles comemoram
Autor: Nakagawa, Fernando; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/2008, Economia, p. B4

Ministro destaca importância dos resultados fiscais, enquanto presidente do BC prevê mais dinheiro para produção

O anúncio de ontem da Fitch Ratings, que reconheceu o Brasil como um porto seguro para os investidores estrangeiros, provocou satisfação e sensação de dever cumprido no presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e no ministro da Fazenda, Guido Mantega. Cada um a seu modo, eles destacaram o aspecto de maior significado de suas áreas de atuação para comemorar mais um grau de investimento para a economia brasileira.

Para o presidente do BC, ¿o novo upgrade deve aumentar o fluxo de investimentos de melhor qualidade para o setor produtivo no Brasil¿. Já Mantega preferiu colocar ênfase no seu assunto preferido do momento: os bons resultados fiscais do governo. Ontem, o BC divulgou que o superávit primário do setor público no primeiro quadrimestre foi de 6,82% do Produto Interno Bruto (PIB).

Em meio às pressões para que o governo eleve oficialmente a meta de superávit primário para formar o Fundo Soberano do Brasil (FSB), Mantega disse que a política fiscal foi a principal razão para o Brasil ter recebido o upgrade da Fitch.

O ministro comentou que o posicionamento da Fitch ocorreu um dia depois de o Banco Central apontar superávit nominal de R$ 6,88 bilhões no período de janeiro a abril. Ou seja, a economia que o governo fez para o pagamento dos juros foi suficiente para cobrir as despesas do período e ainda restaram no caixa esses R$ 6,88 bilhões.

Mantega relacionou ainda a redução da vulnerabilidade externa e o crescimento ¿sólido e equilibrado¿ e a inflação sob controle como fatores que reforçaram a posição de grau de investimento do Brasil. ¿O País está na rota de desenvolvimento com inclusão social. Tornou-se mais sólido com crescimento sustentado.¿ Segundo ele, o País é ¿sólido, confiável e robusto¿ e deu provas disso na crise dos Estados Unidos.

Henrique Meirelles, por sua vez, destacou a possibilidade de aumento de fluxo de investimentos de melhor qualidade para o setor produtivo brasileiro. A decisão da Fitch, segundo ele, ¿aumenta a capacidade de financiamento do investimento no País¿ e reforça a condição de estabilidade e previsibilidade da economia doméstica. Meirelles disse ainda que o upgrade é uma amostra do ¿compromisso inequívoco¿ do governo brasileiro com o tripé macroeconômico formado por meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário.

Além da manutenção das condições favoráveis à estabilidade da economia, Meirelles destacou que a decisão da agência de classificação de risco é o reconhecimento ¿da capacidade do Brasil de crescer com responsabilidade¿.

Sobre o crédito, Meirelles negou que haja tensão com o crescimento do volume de empréstimos nos últimos meses no Brasil. ¿O BC tem de cumprir sua missão de zelar pela saúde do sistema financeiro e evitar que qualquer exagero (no mercado de crédito) gere um problema¿, explicou, ao comentar que esse monitoramento é permanente.

Para o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, o fato de o Brasil ter recebido mais um grau de investimento ¿traduz a maturidade que o País atingiu em condições macroeconômicas¿. Segundo ele, o ¿investment grade¿ da Fitch deverá favorecer os investimentos no setor energético. COLABOROU LEONARDO GOY