Título: Itamaraty troca comando na OMC, China e Japão
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/05/2008, Nacional, p. A10

Roberto Azevêdo assumirá missão em Genebra, Clodoaldo Hugueney vai para Embaixada de Pequim e Luiz Augusto de Castro Neves, para Tóquio

O comando da missão do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) vai mudar no início do segundo semestre. O embaixador Roberto Azevêdo, subsecretário de Assuntos Econômicos e Tecnológicos do Itamaraty e principal negociador do Brasil na Rodada Doha, foi indicado para o posto. Seu atual ocupante, o embaixador Clodoaldo Hugueney, irá para Pequim. Os dois devem passar por sabatina da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado no início de junho.

Aos 50 anos, Azevêdo é considerado no Itamaraty como o diplomata mais experiente da sua geração em temas da Organização Mundial do Comércio. Desde 1997, quando foi escalado para atuar na missão brasileira em Genebra, tornou-se um especialista em contenciosos comerciais e nas regras da OMC.

Ele se envolveu na formulação e na defesa de todas as controvérsias emblemáticas do Brasil na OMC, como o caso Embraer-Bombardier e os questionamentos às salvaguardas dos Estados Unidos ao aço, à política de subsídios da União Européia ao açúcar, aos subsídios americanos ao algodão, às barreiras européias ao frango salgado e às pressões de Bruxelas pela abertura do mercado brasileiro para pneus usados. No Brasil desde 2001, Azevêdo foi o responsável por montar e conduzir a Coordenação-Geral de Contenciosos do Itamaraty, transformando-se no braço direito do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, nas negociações da Rodada Doha.

PEQUIM

Hugueney, chefe da missão brasileira em Genebra desde 2006, agora assumirá um dos postos mais desafiadores da diplomacia, a Embaixada do Brasil em Pequim. O atual embaixador na China, Luiz Augusto de Castro Neves, cruzará o Mar do Japão e passará a chefiar a Embaixada em Tóquio. Vai substituir o embaixador André Amado, que voltará para Brasília, para o comando da nova Subsecretaria de Energia do Itamaraty, que será criada no segundo semestre.

Outra mudança relevante se dará na Embaixada do Brasil em Assunção, justamente no início do governo do nacionalista Fernando Lugo, cuja posse deve ocorrer em agosto. A tarefa de acompanhar esse novo governo, que ameaça provocar sérias dores de cabeça para o Brasil, caberá ao embaixador Eduardo Santos, que substituirá seu colega Valter Pecly.

Assessor internacional da Presidência no governo Fernando Henrique Cardoso, Santos foi um dos diplomatas próximos à cúpula tucana que acabou em um posto fora das primeiras linhas de Brasília. Em 2006, foi designado para a pacata Berna, na Suíça. Lembrado por sua atuação hábil na solução de crises bilaterais no período em que chefiou a Embaixada do Brasil em Montevidéu, acabou indicado recentemente para a de Assunção.