Título: Perfil de novo líder das Farc amplia expectativa de diálogo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2008, Internacional, p. A12
Escolha do líder político Cano - e não do chefe militar, `Mono Jojoy¿ - para chefiar guerrilha é vista como sinal positivo
AP, EFE, AFP
A morte do líder máximo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Pedro Antonio Marín - mais conhecido como Manuel Marulanda, ou ¿Tirofijo¿ (Tiro Certeiro) -, aumentou as expectativas de parentes de reféns da guerrilha e governos estrangeiros de que em breve se possa chegar a um acordo humanitário.
¿O fato de as Farc designarem (para substituir Marulanda) Alfonso Cano, que é da ala política e não da ala militar da guerrilha, é um sinal de que eles querem seguir por esse caminho (de negociação)¿, afirmou Astrid Betancourt, irmã da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, seqüestrada pela guerrilha em 2002.
Para o vice-ministro de Defesa equatoriano, Miguel Carvajal, a mudança na liderança da guerrilha pode solucionar o conflito colombiano. ¿Mantemos a esperança de que essa mudança leve a soluções históricas para o conflito¿, disse Carvajal. No domingo à noite, a ministra de Direitos Humanos da França, Rama Yade, disse esperar que o anuncio seja o ¿começo do fim do sofrimento de Ingrid¿.
A morte de Marulanda, aos 77 anos, foi revelada no sábado pelo ministro de Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, e confirmada no dia seguinte num comunicado da guerrilha. Segundo as Farc, Tirofijo morreu de enfarte ¿nos braços de sua companheira e cercado por sua guarda pessoal¿. As circunstâncias da morte, porém, ainda não foram confirmadas e o governo colombiano diz que elas poderiam estar relacionadas às ações militares (mais informações nesta página).
O anúncio de que Cano - cujo nome verdadeiro é Guillermo León Sáenz - assumiria o comando surpreendeu analistas e, segundo fontes militares, até comandantes da guerrilha, que esperavam que o cargo fosse ocupado pelo líder militar do grupo, ¿Mono Jojoy¿. Até agora, a guerrilha havia privilegiado em sua linha de sucessão líderes ligados ao mundo rural ou os que participaram da fundação do grupo.
Com formação em antropologia, o novo líder das Farc tem 52 anos e é de Bogotá. Ele participou das negociações com o governo nos anos 90 e é visto como mais afeito aos embates políticos do que às estratégias militares. ¿É um homem mais obcecado pela política do que pela guerra¿, diz Camilo Gómez, alto comissário para a paz do governo Andrés Pastrana (1998-2002), que por três anos negociou com as Farc.