Título: Venezuela afirma ter provas de invasão colombiana
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2008, Internacional, p. A16

Caracas diz ter fotos que mostram a incursão; ministro colombiano nega que soldados tenham invadido vizinho

AFP e Efe, Caracas

O governo da Venezuela afirmou ontem que tem ¿fotos e outros materiais¿ para provar que tropas colombianas entraram ilegalmente em território venezuelano na sexta-feira.

O ministro da Informação da Venezuela, Andrés Izarra, disse ontem que as provas serão apresentadas em ¿seu devido momento¿, após o ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, ter negado a incursão militar.

No sábado, a chancelaria venezuelana enviou um protesto formal a Bogotá, denunciando o que qualificou de invasão territorial no Estado de Apure, no sudoeste da Venezuela. Cerca de 60 militares colombianos teriam sido interceptados a 800 metros da fronteira, no lado venezuelano.

¿Ao que parece, o ministro (Santos) não está bem informado ou finge que não está bem informado¿, afirmou Izarra durante um programa na televisão estatal venezuelana VTV. ¿Seria bom que lhe dissessem que temos material gráfico, fotos e outros dados que demonstram essa incursão.¿

Caracas exigiu que o governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, ¿interrompa imediatamente as violações da soberania e da integridade territorial¿ da Venezuela.

Uribe havia afirmado, no sábado, que se desculparia com o colega venezuelano, Hugo Chávez, se ficasse confirmada a incursão militar: ¿Vamos pedir ao Ministério da Defesa que analise a questão atentamente. A Colômbia não é um país beligerante.¿ Ontem, porém, o ministro da Defesa da Colômbia afirmou que uma investigação das Forças Armadas comprovou que soldados não entraram no país vizinho. ¿Já averigüei. Não houve nenhuma incursão. As tropas colombianas não fizeram nada¿, disse Santos.

COMPUTADOR DAS FARC

A tensão entre Caracas e Bogotá voltou a se intensificar na semana passada, após a Interpol divulgar uma análise sobre o conteúdo dos computadores de Raúl Reyes, número 2 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), morto em março durante uma operação do Exército colombiano num acampamento da guerrilha no Equador. O relatório endossou as acusações de Bogotá de que havia arquivos que demonstravam a relação de Chávez com a guerrilha.

Chávez disse que o documento era uma ¿palhaçada¿ e acusou Uribe fazer ¿desprestigiar os vizinhos e desestabilizar a região¿. O venezuelano afirma que seus contatos com a guerrilha se limitaram às negociações sobre os reféns da guerrilha.

Também acusado de ter ligações com as Farc após a análise da Interpol, o presidente do Equador, Rafael Correa, ameaçou, no sábado, renunciar caso a denúncia fosse comprovada.