Título: Da tribuna, Paulinho diz que abre sigilo
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2008, Nacional, p. A6

Deputado foi ao plenário da Câmara para se defender e afirmou que a defesa dos interesses dos trabalhadores deixa ¿muita gente com raiva¿

Menos de duas horas depois de ser anunciado que seria alvo de investigação da Corregedoria da Câmara, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) foi à tribuna do plenário da Casa se defender. No discurso, negou envolvimento no suposto esquema de desvio do BNDES, atribuiu as acusações à defesa que faz dos trabalhadores e anunciou que abria seu sigilo bancário, fiscal e telefônico para o Ministério Público Federal.

A manifestação de Paulinho e a abertura do sigilo foram acertadas pela cúpula do PDT em almoço, ontem. Além de Paulinho, estavam o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o líder da bancada na Câmara e presidente em exercício, deputado Vieira da Cunha (RS), e o secretário-geral do partido, Manoel Dias.

Na tribuna, o deputado disse que a defesa dos interesses dos trabalhadores deixa ¿muita gente com raiva, principalmente a elite que não gosta de trabalhador¿. Paulinho disse estar ¿tranqüilo¿ sobre a investigação. Afirmou que a Polícia Federal fez um relatório se referindo a três citações de seu nome. ¿A partir daí em virei suspeito, criminoso. Não tenho nada a ver com isso.¿ Segundo o parlamentar, as citações que seriam referências a ele no relatório da PF são inconsistentes. ¿Li e reli o documento. Consultei renomados advogados se tinha algo contra mim no relatório. Me disseram que não tem nada. Tem uma citação a Paulinho e uma a PA, e meu nome é Paulo Pereira da Silva. Uma outra citação dizendo que tenho muita força lá, e eu nem sabia que tinha essa força toda. E agora eu tenho que me defender porque virei suspeito e criminoso.¿

Ainda sobre a defesa que diz fazer dos trabalhadores, Paulinho afirmou: ¿Na votação da Emenda 3 (que trata da fiscalização do Ministério do Trabalho nas empresas), muita gente disse que ia me pegar na esquina. Lutei pelo aumento do salário mínimo. Eu sei por que estou apanhando.¿ Ele citou outros projetos que defendeu e que contemplam os trabalhadores, aprovados pelo Congresso, como a regulamentação da abertura do comércio aos domingos, o que regulamenta as centrais sindicais e o que estabelece a política do salário mínimo.

Reiterou ainda que mantém ¿confiança¿ em Ricardo Tosto, representante da Força Sindical no Conselho do BNDES, que pediu afastamento após ser preso pela PF sob a acusação de envolvimento na fraude. O deputado o chamou de ¿um dos mais respeitados advogados do Brasil¿. Tosto foi solto no dia 26.