Título: Barril de petróleo supera os US$ 120
Autor: Pamplona, Nicola; Freitas, Tatiana
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2008, Economia, p. B5

Contratos futuros fecham a US$ 121,84 o barril, com alta de 1,56%, e relatório do Goldman Sachs já prevê US$ 200

Os contratos futuros de petróleo fecharam ontem, pela primeira vez, acima dos US$ 120 por barril. Em Nova York, o petróleo WTI (leve) terminou o dia cotado a US$ 121,84, com alta de 1,56% em relação à segunda-feira. Em Londres, o Brent, mais pesado e serve de referência na Europa, foi negociado a US$ 120,31 por barril (alta de 1,97%). Em relatório divulgado ontem, o banco Goldman Sachs alertou para o risco de as cotações atingirem os US$ 200 por barril em um prazo entre seis meses e dois anos.

Segundo o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, o preço do petróleo continuará ¿elevado e mais volátil¿. ¿Há oferta e demanda para preços elevados¿, disse ele em Houston, Estados Unidos, onde participa de uma conferência. Contudo, ele acredita que não há motivos para o preço cair ou subir muito a partir de agora, dada a conjuntura internacional. ¿Não há razão para vermos queda ou grande alta dos preços.¿

Gabrielli ressaltou, porém, que as negociações do petróleo no mercado financeiro podem provocar volatilidade. ¿Os mercados financeiros estão atuando muito com essa commodity e há especulação sobre o comportamento do preço do petróleo pelos investidores, o que pode provocar alta volatilidade.¿

Segundo analistas, o pico de ontem das cotações reflete conflitos na Nigéria, que provocaram a interrupção no bombeamento de cerca de 600 mil barris por dia. Mas o cenário de alta tem como pano de fundo a apertada relação entre oferta e demanda de petróleo nos próximos anos e a chegada de um número cada vez maior de investidores financeiros em busca de ativos mais seguros e rentáveis.

¿O preço do petróleo bruto dobrou nos últimos 14 meses e eles ainda estão prevendo um crescimento de 1,4% na demanda global. Esse é o fantasma por trás da alta dos preços¿, comentou Jim Ritterbusch, da consultoria Ritterbusch & Associates.

De fato, segundo a Agência de Informações em Energia (EIA) do Departamento de Estado americano, a produção dos países fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) pode crescer apenas 600 mil barris este ano.

Mas a entidade não dá sinais de que ampliará a capacidade. ¿A Opep parece estar satisfeita com as condições atuais do mercado¿, diz o relatório da EIA, que elevou em US$ 9 a projeção de cotação média de 2008, a US$ 110 por barril.

Sarah Emerson, diretora da Energy Security Analysis, porém, atribui grande peso ao fluxo de recursos de fundos de investimento para as commodities. ¿Não acho que as condições do mercado físico justifiquem um colapso dos preços, embora elas provavelmente justificassem preços mais baixos. Mas temos esse outro mercado, no qual há um desejo de manter petróleo em carteira, e isso é o que está determinando os preços neste momento.¿

Para os analistas do Goldman Sachs, é ¿cada vez mais provável¿ que os preços subam para US$ 150 a US$ 200. Há três anos, a mesma equipe de analistas chocou o mercado ao prever que os preços subiriam para a casa de US$ 105. A EIA acredita em queda nas cotações no segundo semestre, quando novos campos entram em operação. Para 2009, a projeção média é de US$ 103 por barril.

No Brasil, analistas começam a rever as projeções para a balança comercial do setor de petróleo e derivados, que fechou 2007 com déficit de US$ 6,28 bilhões. A Tendências deve anunciar nesta semana nova previsão, superior à atual, de déficit de US$ 6,54 bilhões. ¿O novo número deve ser pior, em razão do aumento nas cotações e do atraso no início de operações nas plataformas previstas para o ano¿, disse o analista Walter Witto.