Título: Oposição quer suspeito na CPI dos Cartões
Autor: Filgueiras, Sônia; Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2008, Nacional, p. A7
Comissão, dada como morta após fala de Dilma, se mobiliza para tentar convocar secretário da Casa Civil
A revelação de que o secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, é o principal suspeito de ter propiciado o vazamento do dossiê sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu novo alento à CPI dos Cartões - que depois do depoimento da ministra Dilma Rousseff era dada como moribunda por seus próprios integrantes. A oposição já se mobiliza para tentar convocar José Aparecido para depor. ¿Vou reapresentar o requerimento de convocação dele. Ele tem de explicar quem participou da elaboração do dossiê¿, afirmou o deputado Vic Pires (DEM-PA), integrante da comissão.
Pires também apresentará um requerimento propondo a prorrogação dos trabalhos da CPI até que o inquérito da Polícia Federal que investiga o dossiê seja concluído. Ele disse que já iniciou articulações para tentar provocar uma reunião da comissão na terça-feira a fim de apreciar os requerimentos. Para ele, o vazamento do dossiê seria parte de uma briga palaciana interna. ¿Ele (José Aparecido) é ligado ao José Dirceu. Acredito que vazou o dossiê para atingir a ministra Dilma Rousseff¿, diz.
Agora, a oposição pretende retomar a investigação da cadeia de comando por trás do dossiê, saber que autoridade ordenou a montagem da planilha com gastos de Fernando Henrique e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso.
O ¿fato novo¿ era o que o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), colocava como condição para continuidade dos trabalhos. ¿Se não houver nenhum fato novo, nós diríamos que a CPI pode marchar para sua conclusão¿, dizia Garibaldi, antes da identificação do suposto responsável pelo vazamento do dossiê. Àquela altura nem DEM nem PSDB mostravam ânimo para manter a ofensiva. ¿Para entrar em uma CPI a gente tem de saber o que quer investigar¿, argumentava o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), observando que a comissão trouxe ¿desgaste para o Congresso¿. Setores do DEM também avaliavam que o depoimento de Dilma tinha sepultado a comissão.