Título: PDT tenta evitar que processo vá ao Conselho de Ética
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2008, Nacional, p. A7

Líder na Câmara disse que vai pedir a Inocêncio que aguarde até procurador-geral concluir seu parecer

O PDT começou a trabalhar para evitar que o corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), encaminhe ao Conselho de Ética processo de cassação de mandato do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, suspeito de envolvimento no esquema de desvio de recursos do BNDES. Ontem, o líder do PDT na Câmara e presidente interino do partido, Vieira da Cunha (RS), disse que Inocêncio deveria esperar o parecer do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.

Como Paulinho tem foro privilegiado, por ser deputado, caberá ao procurador-geral decidir pela abertura ou não de inquérito para que o Ministério Público investigue o pedetista. O PDT espera que o ritmo da apuração pelo Ministério Público acabe por esfriar o caso.

¿Se o procurador mandar arquivar o caso e, mesmo assim, for aberto processo no Conselho de Ética, vamos ser mais realistas que o rei¿, disse Vieira da Cunha. ¿Vou conversar com o deputado Inocêncio, não no sentido de criar qualquer constrangimento. Acho que devemos aguardar o procurador. O deputado Paulinho já disse que está à disposição do Parlamento e do Ministério Público¿, afirmou o líder pedetista.

Vieira da Cunha disse que os elementos contra Paulinho ¿são muito frágeis¿ e ¿o destino provável de um processo dessa natureza no Conselho de Ética é o arquivamento¿.

Para enviar o processo direto ao conselho, sem passar por uma comissão de sindicância da corregedoria, Inocêncio terá de submeter a decisão à Mesa Diretora. No último domingo, o corregedor defendeu que o caso seja investigado direto no conselho, por entender que as denúncias contra Paulinho são ¿gravíssimas¿ e a situação do deputado ¿é complicada¿.

Ontem, Paulinho ligou para Vieira da Cunha e reclamou dos comentários de Inocêncio. Disse que já abriu os sigilos bancário, fiscal e telefônico e que não gostaria de ser prejulgado. O líder e presidente interino do PDT disse que o partido não vê motivos para qualquer sanção disciplinar ao deputado, por enquanto. No entanto, informou que, se o procurador-geral da República optar pela abertura de inquérito, o PDT fará nova reunião para decidir como agir com Paulinho.

SUCESSOR

Além da pressão do PDT sobre o corregedor, outro fator que pode ajudar a arrastar a investigação na Câmara é o fato de que o Conselho de Ética está sem presidente desde a morte do deputado Ricardo Izar (PTB-SP), na semana passada. Inocêncio disse ter ouvido do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a promessa de que ¿a eleição do novo presidente acontecerá o mais rápido possível¿.

Os próprios conselheiros escolherão o sucessor de Izar, mas a convocação da eleição depende de Chinaglia. O novo presidente terá de fazer parte do bloco integrado pelo PTB, PMDB, PT, PP e PR. O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), disse que pretende discutir um nome de consenso na reunião de líderes, hoje.

Se não houver um desfecho para o caso até junho, dificilmente as investigações avançarão no segundo semestre, quando os parlamentares estarão envolvidos com as eleições municipais.