Título: Programa é lançado em momento de expansão
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2008, Economia, p. B9

Demanda interna estimula produção, mas exportação dá sinais de recuo

O governo lança seu programa de incentivo ao setor produtivo num momento em que o País assiste ao significativo crescimento da produção industrial, que assumiu a posição de motor da economia, sustentado pelo aquecimento da demanda interna. ¿Temos observado uma média de crescimento robusta, liderada por duas áreas: bens de capital e bens duráveis¿, diz o coordenador do Departamento de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Silvio Sales.

Ele citou os resultados do setor no primeiro trimestre deste ano, ante igual período do ano passado, para comprovar a constatação: crescimento de 6,3%, puxado pela elevação de 17,1% dos bens de capital (máquinas encomendadas pela própria indústria) e de 13,6% dos bens duráveis (veículos, principalmente). ¿É uma média de crescimento robusta. Num corte mais recente, com a comparação com o último trimestre do ano passado, observamos uma magnitude mais modesta, com crescimento na margem de 0,4%¿, comentou o economista.

Sales ressalta, porém, que já era esperada a desaceleração, por causa das bases de comparação elevadas de dez trimestres seguidos de crescimento. Mas, embora considere bastante saudável um crescimento liderado por bens de capital - que por si só indica a ampliação da base produtiva do País - e também o aspecto difuso que vem caracterizando o crescimento industrial, ele lembrou que setores exportadores, como carnes, têxtil e petrolífero, vêm contribuindo negativamente para o resultado geral.

¿Talvez por isso um dos objetivos da nova política industrial seja o de tentar acelerar as exportações¿, comentou, sem entrar em detalhes sobre os efeitos do programa anunciado ontem. ¿Os destaques da indústria estão vindo mais da demanda interna do que das exportações, como no caso do setor automobilístico, onde está sendo verificada uma queda nas unidades vendidas ao exterior. Já no setor de eletrodomésticos, a evolução interna não é tão robusta justamente por causa do aumento das importações¿, disse o economista.

Sales listou como destaques negativos do desempenho industrial o setor de petróleo, por causa da importação maior de derivados (que encareceram mais com a valorização da commodity) e exportação de óleo cru (na produção nacional predomina o tipo mais pesado, menos valorizado), o setor de carnes e derivados, por causa dos embargos internacionais, e os manufaturados.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 13/05/2008 04:54