Título: Lucro da Petrobras sobe 68%, para R$ 6,925 bilhões
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2008, Economia, p. B10

Aumento das vendas e do preço, além da ausência de perdas com fundo previdenciário, permitiu resultado

A Petrobrás surpreendeu o mercado ao anunciar, ontem, lucro líquido de R$ 6,925 bilhões no primeiro trimestre de 2008. O valor é 68% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior e está 14% acima da média das expectativas de corretoras e bancos de investimento ouvidos pelo Estado. A estatal, porém, sofreu com a defasagem nos preços da gasolina e do diesel - reajustados apenas no dia 1º de março - e teve prejuízo de R$ 566 milhões em suas atividades de refino.

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O diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, creditou o bom desempenho a fatores como aumento de vendas, de preços e redução de despesas financeiras e operacionais. Mas, na prática, grande parte do avanço teve dois fatores pontuais: a menor valorização do real frente ao dólar, que reduziu em R$ 1 bilhão as perdas cambiais; e a contabilização, no ano passado, de perdas de R$ 1 bilhão referentes ao Plano Petros, fato que não se repetiu este ano.

Mesmo sem ter mexido nos preços da gasolina e do diesel, a Petrobrás conseguiu uma elevação de 8% no preço médio dos produtos que vende, que chegou a US$ 93,90 por barril. O aumento vem de reajustes em produtos menos populares, como querosene de aviação e nafta, por exemplo. O valor, porém, continua abaixo da cotação do petróleo Brent, que ficou em US$ 96,90 no trimestre.

Barbassa não quis calcular o impacto que os reajustes teriam na receita da empresa, que foi bastante criticada por manter os preços dos principais produtos em tempos de disparada do petróleo. Mas o balanço detalhado da empresa dá uma dimensão dos estragos provocados pela manutenção da defasagem dos dois produtos, responsáveis por mais de metade da receita da companhia: a área de abastecimento teve prejuízo de R$ 566 milhões, contra um lucro de R$ 2,126 bilhões no primeiro trimestre de 2007.

O abastecimento é responsável pela compra de petróleo junto à área de exploração de produção e sua transformação em combustíveis, além da importação de derivados que o Brasil não produz em volume suficiente. Segundo a empresa, o petróleo nacional teve uma cotação média de US$ 86,13 por barril, o que deu às refinarias uma margem de apenas US$ 6 por barril.

A situação tende a ser revertida com o aumento da gasolina e do diesel.

A Petrobrás produziu uma média de 2,120 milhões de barris de petróleo equivalente (somado ao gás) no primeiro trimestre. Contando apenas com o petróleo, a produção nacional ficou em 1,816 milhão de barris por dia, crescimento de apenas 1%. Já a produção de gás natural cresceu 11%, para 45,9 milhões de metros cúbicos por dia. O aumento foi resultado da entrada em operação do projeto Peroá-Cangoá, no Espírito Santo, e pelo gás produzido pelas plataformas P-51 e P-52, na Bacia de Campos.

Ontem, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que o preço do diesel subiu 7,87% na última semana, ultrapassando pela primeira vez os R$ 2 por litro. A alta é reflexo do reajuste de 15% promovido pela Petrobrás no início de maio. Não houve repasses para o preço da gasolina, cujo reajuste foi compensado por uma redução na carga tributária.