Título: Consumo no País deve crescer 6,8% e atingir R$ 1,7 trilhão
Autor: Dantas, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2008, Economia, p. B8

Parcela do Nordeste deve passar de 16,8% para 18,2% do total, diz pesquisa

O consumo dos brasileiros neste ano deve chegar a R$ 1,742 trilhão, cerca de 6,8% a mais do que em 2007, com destaque para o Nordeste. Beneficiada pela expansão do emprego, melhora da renda familiar, pelo crediário e pelos programas sociais do governo federal, a região é a que deve ter o maior crescimento de consumo potencial em 2008.

Com participação de 18,2% no total nacional de consumo do País, a região neste ano ultrapassará o Sul, que ficará estagnado, com parcela de 16,8%. Esses dados fazem parte estudo ¿Brasil em Foco¿, realizado pela Target Marketing, empresa especializada em pesquisas de mercado. O trabalhou calculou os gastos em todos os municípios brasileiros com base no chamado Índice de Potencial de Consumo (IPC).

O desempenho do Nordeste surpreendeu até mesmo os responsáveis pelo trabalho. ¿É um fato inédito desde 1994, quando comecei a cuidar do estudo. O que está ocorrendo é uma redistribuição do consumo com a melhoria da renda¿, comentou o diretor e coordenador do levantamento, Marcos Pazzini.

A região Sudeste se mantém na liderança, com 51,8% de participação, mas perde fôlego em relação a 2007, quando respondia por 53,2% do potencial de consumo. O Norte também perde espaço e fica com 5,4% de participação, ante 5,6% no ano anterior. A região Centro-Oeste registra um pequeno aumento de participação e passa de 7,6% em 2007 para 7,8% neste ano.

O potencial de compra dos nordestinos avançou de R$ 252,9 bilhões no passado para R$ 317,2 bilhões em 2008, um aumento de 25,4%. O Sul vai responder por um potencial de consumo de R$ 291,9 bilhões, ante R$253,2 bilhões em 2007. No Sudeste, o consumo gira em torno de R$ 902,9 bilhões do total de R$ 1,7 trilhão em todo o País.

¿As despesas das famílias, como vem ocorrendo, devem crescer 6,8% na comparação com o ano passado, uma variação maior do do que a previsão de crescimento de 4,8% do Produto Interno Bruto (PIB)¿, observou Pazzini.

Entre as 15 maiores cidades do País, que respondem por 30,2% de participação no consumo nacional, Recife, por exemplo, passou da 12ª posição no ranking para o 9º lugar. Fortaleza e Salvador subiram uma casa na classificação.

Mas o levantamento, quando compara o cenário de 2008 com o de 2001, revela também um redução do potencial consumista nas 27 capitais (e conseqüente avanço do interior do País). A participação do consumo nas capitais neste ano deve alcançar 32,4%. Em 2001, era de 37,4%.

DIVISÃO DO BOLO

Do total destinado ao consumo, os maiores gastos dos brasileiros estão no item manutenção do lar. As despesas com aluguéis, impostos e taxas e as contas de luz, água e telefone absorvem 27,4% da renda.

Na classe C2 (renda média mensal familiar de R$ 912), os gastos com manutenção doméstica chegam a 30,9% da renda. Na média geral, depois dos gastos com a residência, os brasileiros despendem 19,57% da renda com alimentos e bebidas,7,51% com higiene e saúde, 7,33% com vestuário e calçados, 4,14% com móveis e eletrodomésticos e o restante com outras despesas.

O maior crescimento de consumo, na previsão do estudo, ocorrerá na classe B2, com renda mensal familiar em torno de R$ 2,5 mil, principalmente porque deverá incorporar uma parte da classe C1, que melhorou de renda e passou a integrar a chamada classe média. A classe B2 responderá por cerca de 24,6% do potencial do consumo nacional. No ano passado, sua participação era de 20,2%.

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