Título: Zimbábue ameaça diplomatas ocidentais
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2008, Internacional, p. A18

Americanos e britânicos são detidos sob a acusação de fazerem campanha eleitoral para o partido de oposição

AP e Reuters, Harare

Diplomatas americanos e britânicos foram detidos ontem em um bloqueio policial em Bindura, a cerca de 80 quilômetros ao norte de Harare, acusados de fazer campanha para a oposição. Washington e Londres negaram a acusação e garantiram que o grupo estava investigando casos de violência política no Zimbábue.

De acordo com o embaixador americano James McGee, os diplomatas foram ameaçados por militares que se autodenominam ¿veteranos de guerra¿, um dos grupos mais leais ao presidente Robert Mugabe. ¿Eles ameaçaram queimar os veículos com o meu pessoal dentro, se eles não os acompanhassem até a delegacia¿, afirmou McGee, que não estava com o grupo de diplomatas. Depois de cinco horas, o grupo - composto por cinco americanos, quatro britânicos e três zimbabuanos - foi liberado.

A menos de um mês do segundo turno das eleições presidenciais, marcadas para o dia 27, a repressão aos partidários da oposição tem se intensificado. Na quarta-feira, o candidato opositor, Morgan Tsvangirai, foi preso por mais de oito horas por fazer campanha sem autorização do governo.

O vice-ministro de Informação do Zimbábue, Bright Matonga, acusou os diplomatas de distribuírem material de campanha do Movimento Democrático pela Mudança (MMD), de Tsvangirai. ¿A polícia só queria investigar o que estava acontecendo e não houve nenhum tipo de violência¿, afirmou Matonga. O vice-ministro disse que os documentos requeridos para a viagem foram entregues apenas pelos americanos. O porta-voz da polícia zimbabuana, Wayne Bvudzijena, negou que os agentes de segurança tivessem ameaçad os diplomatas e afirmou que sua equipe estava tentando ¿salvá-los¿ de uma multidão. ¿É muito triste quando diplomatas se comportam como criminosos e distorcem a informação¿, declarou.

Governos dos EUA e da Grã-Bretanha exigiram explicações de Mugabe e acusaram o presidente de empenhar-se numa campanha de intimidação da oposição por causa do segundo turno das eleições. Ontem, o Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião sobre as detenções no Zimbábue. Momentos antes, o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, anunciou que Mugabe havia permitido a presença de observadores da ONU na votação do dia 27.

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