Título: Brasil adverte UE sobre lei contra imigrantes ilegais
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2008, Internacional, p. A12

Chanceler Amorim evoca `parceria estratégica¿ para exigir que brasileiros barrados tenham tratamento justo

O Brasil alertou a União Européia (UE) sobre seu novo plano de endurecer as leis de imigração proposta pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. Em encontro na última sexta-feira com ministros do bloco europeu na Eslovênia, o chanceler Celso Amorim deixou claro que protestará contra uma proposta que discrimine brasileiros viajando pela Europa.

Sarkozy assume em julho a presidência da UE e seu programa de governo terá como prioridade um novo acordo de imigração para a harmonizar as leis de imigração, endurecer o controle nas fronteiras e permitir a manutenção de estrangeiros ilegais em detenção por longos períodos. Hoje, são cerca de 8 milhões de imigrantes ilegais vivendo na Europa.

No início do ano, o governo foi obrigado a intervir junto às autoridades espanholas diante do aumento de brasileiros barrados ao chegar ao país. No auge da crise, cerca de 14 brasileiros eram deportados por dia da Espanha. Hoje, esse número caiu para quatro.

`PAÍS ESTRATÉGICO¿

O Itamaraty alega que os problemas de imigração com os brasileiros não são compatíveis com a decisão de Bruxelas de classificar o Brasil como ¿país estratégico¿. O status só é dado pelos europeus aos Estados Unidos, Índia, China e Rússia.

O governo quer agora que a ¿parceria estratégica¿ sirva também para que os brasileiros retidos nas fronteiras sejam tratados de forma adequada, tenham acesso garantido a uma assistência consular e não sejam mantidos em detenções por períodos prolongados. ¿Ninguém está defendendo a imigração ilegal. O que queremos é assegurar um tratamento adequado aos brasileiros¿, explicou o embaixador Ricardo Neiva Tavares, porta-voz do Itamaraty .

O Itamaraty não deseja que o tema se transforme em um motivo de crise. Em dezembro, Sarkozy viajará ao País para a cúpula entre a UE e o Brasil. O objetivo será a assinatura da parceria estratégica. Mas, dentro do próprio governo, já há quem conteste a validade do acordo se brasileiros continuarão a sofrer nas fronteiras da UE.

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