Título: Mantega: inflação só cai no fim do ano
Autor: Abreu, Beatriz Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2008, Economia, p. B5

Ministro prevê desaceleração a partir do último trimestre e mantém previsão de alta do PIB entre 4,5% e 5%

e Leonêncio Nossa

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, previu ontem que a inflação deve desacelerar somente a partir do último trimestre deste ano e economia sofrerá ¿uma ligeira desaceleração¿, não repetindo o crescimento de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) verificado no ano passado. Mantega, no entanto, reafirma a estimativa do governo de um ritmo de crescimento entre 4,5% e 5% este ano. Na exposição sobre os indicadores econômicos, durante a reunião ministerial, ele alertou para as estimativas do mercado financeiro, que apontam um ¿aumento temporário de preços¿ até o quarto trimestre deste ano.

O mercado, segundo Mantega, projeta uma inflação de 5% este ano e 4,6%, em 2009, e 4,5% em 2010. O movimento de alta dos preços será impulsionado pelo aumento das commodities e pela demanda doméstica, que se manterá aquecida nos próximos meses. Mantega sustentou que o aumento da inflação ¿é um fenômeno mundial¿ e afeta produtos agrícolas, petróleo e derivados e produtos minerais.

¿Vivemos o maior choque de preços de commodities desde os anos 70 do século passado¿, afirmou. Ele disse que as medidas adotadas pelo governo para conter a escalada dos preços, como o aumento da meta de superávit primário de 3,8% do PIB para 4,3% do PIB e a alta preventiva dos juros, são determinantes para conter a inflação na meta.

A desaceleração da inflação, na avaliação do ministro, será provocada pela retração na demanda por alimentos - que tiveram os preços aumentados em até 12,62% - e pelo próprio impacto da elevação dos índices no poder aquisitivo da população de baixa renda.

Segundo os dados divulgados por Mantega, entre abril de 2007 e 2008 a inflação total acelerou de 3% para 5,04%. A inflação de alimentos saltou de 4,63% para 12,62% e a dos demais itens passou de 2,56% para 3,03%.

Em sua exposição na reunião ministerial, Mantega disse que as medidas de combate à inflação não afetarão o crescimento da economia, apesar ¿da ligeira desaceleração¿ deste ano. ¿É possível controlar a inflação no Brasil sem abortar o crescimento¿, garantiu.

O ministro citou dados do Banco Central e do mercado, para afirmar que ¿o PIB deve desacelerar neste ano¿, apesar da manutenção do ritmo de expansão da demanda doméstica, porque as importações continuarão crescendo em ritmo superior às exportações. O mercado, segundo ele, aposta que a economia cresce este ano 4,7%, ante os 5,4% do ano passado.

No entanto, os fundamentos da atual expansão da economia ¿reduzem o risco de uma perda de controle da inflação¿. Além disso, como ponderou o ministro, a forte expansão no nível dos investimentos ¿garante a oferta nos próximos anos¿, sem pressão inflacionária adicional. Mantega garantiu que o atual ritmo de crescimento, na faixa de 4,5% a 5%, ¿é compatível com o potencial da economia nos próximos anos¿.

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