Título: Para Mantega, desaceleração do crescimento é desejável
Autor: Oliveira, Ribamar
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2008, Economia, p. B4

Ministro vê maior convergência entre a oferta e a demanda

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, atribuiu a redução da demanda da economia, apontada pelo IBGE, às medidas adotadas pelo governo, entre elas o aumento do superávit primário, a elevação das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a criação do depósito compulsório sobre as operações de leasing. Essas duas últimas medidas, segundo Mantega, resultaram no encarecimento do crédito.

O consumo das famílias, que tinha apresentado uma expansão de 8,6% no último trimestre de 2007, cresceu 6,6% no primeiro trimestre deste ano.

¿Houve uma pequena desaceleração da demanda, o que indica que haverá uma menor presssão sobre a inflação¿, disse. Segundo ele, a expansão de 8,6% do consumo das famílias indicava que a demanda ¿estava muito aquecida¿. Por isso, o ministro disse que a desaceleração que ocorreu agora ¿era desejável¿, bem como ¿uma convergência entre a oferta e a demanda¿. Foi para isso que o governo tomou medidas, explicou. ¿Mas nós não estamos derrubando a demanda. É apenas uma ligeira desaceleração, é como jogar um pouco de água na fervura¿

Mantega destacou que os investimentos cresceram 15,2% no primeiro trimestre. Esse nível de investimento, segundo o ministro, é compatível com um crescimento real do PIB este ano de 5%. Ele não quis estimar o impacto da elevação dos juros sobre o comportamento da economia no próximo ano. ¿É cedo para fazer previsão sobre 2009¿, desconversou. ¿Mesmo porque não sei quanto tempo vai durar o aumento dos juros do BC. Eu continuo trabalhando para manter o crescimento de 5% também em 2009 e 2010¿.

GASTOS

Mantega disse ainda que os dados do IBGE sobre o consumo do governo no primeiro trimestre deste ano ¿não refletem exatamente o que está acontecendo¿. Para o ministro, ¿o que vale são os dados do Tesouro Nacional , que mostram que estamos gastando menos, fazendo uma poupança fiscal que vai para o Fundo Soberano¿.

O primeiro reparo feito por Mantega foi que o dado do IBGE se refere ao consumo de todos os governos, ou seja, dos governos federal, estaduais e municipais. O ministro fez uma diferenciação entre os gastos nas três esferas da federação. ¿Todos estamos fazendo superávit primário, só que o da União está mais robusto que o dos Estados e municípios.¿

No primeiro trimestre deste ano, as despesas da União ficaram em 9,22% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 9,57% em igual período do ano passado.Os dados sobre as despesas dos Estados e municípios ainda não estão consolidados, embora existam indícios de que eles apresentaram forte expansão.

O segundo reparo feito por Mantega foi sobre a diferença entre a metodologia do IBGE para o cálculo do consumo do governo e os números apurados pelo Tesouro. ¿Esse resultado (do IBGE) não se refere a valores. Não é gasto em valores, mas ações físicas do governo. É o número de atendimentos na rede hospitalar, de alunos na rede pública e assim por diante. Então, não é aquele gasto que o Tesouro apresenta na forma monetária¿, explicou.

Para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, os números do PIB demonstram que as políticas monetária e fiscal adotadas pelo governo federal apontam para o crescimento sustentável da economia. ¿O resultado do PIB é mais uma demonstração de que uma política monetária e fiscal responsável é o único caminho para garantir o crescimento sustentável do País¿, disse em nota. COLABOROU FERNANDO NAKAGAWA

Links Patrocinados