Título: Inflação deve conter consumo e alta do PIB
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2008, Economia, p. B5

Economistas estimam que economia feche 2008 com expansão de 4,8%

A desaceleração do crescimento da economia mostrada pelos números do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre tende a continuar nos próximos trimestres. Principal motor da expansão da atividade econômica nos últimos meses, o consumo das famílias deverá crescer menos ao longo do ano, refletindo os efeitos negativos da alta da inflação e da puxada nos juros. Para economistas ouvidos pelo Estado, o PIB deve fechar 2008 com crescimento entre 4,6% e 4,8%, ante 5,4% no ano passado.

¿É um processo de desaceleração nada dramático, que eu considero mais uma mudança de tonalidade do nosso crescimento¿, afirmou o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, assessor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Segundo ele, a inflação já começa a minar o poder de compra das famílias, principalmente por causa dos aumentos de preços dos alimentos básicos. ¿A inflação já chegou ao bolso do consumidor, mas deve começar a influenciar mais o padrão de consumo neste mês.¿

Por outro lado, o economista ressaltou que os dados do primeiro trimestre mostram que os investimentos continuam a crescer com bastante intensidade. ¿Deveremos ter uma expansão menor do PIB este ano e um crescimento mais equilibrado entre consumo e investimento, o que é bom¿, disse.

Para o diretor de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros, os fatores de desaceleração do crescimento econômico serão os efeitos da política monetária mais restritiva e a desaceleração do crescimento mundial, além das pressões impostas sobre o consumo a partir da alta dos preços dos alimentos.

¿Não acreditamos, no entanto, que o PIB registrará desaceleração pronunciada, pois fatores de dinamização, como o mercado de trabalho e os investimentos, continuam pressentes¿, disse Barros. Desde o final de 2007, sua previsão para o PIB de 2008 é 4,8%, sujeito a revisão.

Na avaliação do economista Francisco Pessoa Faria, da consultoria LCA, outros fatores também devem contribuir para a desacelaração do crescimento ao longo do ano. Ele cita como exemplos o aumento do valor do salário mínimo, que este ano cresceu menos que em 2007, e um esgotamento natural do ciclo de forte crescimento do consumo de bens duráveis, como eletrodomésticos da linha branca e automóveis.

¿Quem não tinha acesso e conseguiu comprar, por exemplo, um carro no ano passado, vai demorar para comprar outro, já que tem que pagar prestações a perder de vista¿, comentou o economista. ¿Além disso, a política monetária está ficando mais apertada e seria curioso se a desaceleração da demanda não viesse¿, acrescentou. A LCA espera crescimento de 4,6% para o PIB deste ano.

Embora considere que ainda é cedo para falar em números, a consultoria MB Associados trabalha com crescimento próximo de 5% para o segundo trimestre. Mas a tendência até o fim do ano é de desaceleração ainda maior por causada política monetária.¿O que esperamos que mude nos números do PIB, são os dados do consumo do governo, que ficaram acima do esperado¿, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB.

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