Título: Defesa de Dilma dirá que operação teve aval da Justiça
Autor: Vera Rosa; Fontes, Cida
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2008, Economia, p. B10
Estratégia montada pelos governistas para defender a ministra é tentar desqualificar as denúncias
A linha de defesa que o governo vai adotar hoje durante o depoimento da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil, Denise Abreu, à Comissão de Infra-Estrutura do Senado será amparada nas decisões judiciais sobre o processo de venda da Varig. A estratégia final foi traçada em reunião realizada ontem no gabinete do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, com a presença da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e de senadores da base aliada que integram a Comissão de infra-estrutura.
Online: acompanhe o depoimento de Denise Abreu na Comissão do Senado
Multimídia: especial sobre as `Turbulências da Varig¿
Os governistas tentarão desqualificar as denúncias de Denise de que houve pressão de Dilma para a venda da Varig, sob o argumento de que toda a operação passou pelo crivo da Justiça. A ordem do Planalto é para que os aliados circunscrevam o assunto ao caráter estritamente técnico e jurídico do processo, para desidratar a alegação de ingerência política.
Até mesmo a acusação da ex-diretora da Anac de que a Casa Civil teria barrado a comprovação de renda dos compradores da VarigLog será respondida com pareceres judiciais. ¿Está tudo tão claro e transparente que, se alguma coisa foi feita (de errado), temos de questionar o Judiciário brasileiro¿, disse Múcio. ¿O Imposto de Renda de pessoa física é objeto de sigilo fiscal e todo esse processo foi precedido de decisão judicial. Em cima de documentos, essa polêmica não se sustenta: vira pó¿, completou o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que participou da reunião no Planalto.
Dilma apresentou a Múcio e aos parlamentares um relato cronológico sobre a venda da Varig. Disse que nunca se reuniu com Denise para tratar do assunto nem fez pressão ou pedido de favorecimento a empresários. Para municiar os aliados que interrogarão Denise, a chefe da Casa Civil lembrou que a autorização final para a transferência do controle da empresa foi dada pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara de Falências do Rio. Ayoub qualificou as negociações como ¿atos jurídicos perfeitos e acabados¿. Mais: disse que, se necessário, faria tudo de novo.
O Planalto procura desqualificar as denúncias de Denise, que, de acordo com relatos de auxiliares de Lula, teve ¿interesses contrariados¿ no governo. Em entrevista ao Estado, a ex-diretora da Anac afirmou que a transação envolvendo a venda da Varig beneficiou o advogado Roberto Teixeira, amigo e compadre do presidente Lula, que representava a Volo do Brasil - compradora da VarigLog.
¿Há uma fortíssima dose de ressentimento nessa história¿, insistiu Múcio. Em conversas no Planalto, todos os auxiliares de Lula afirmam que Denise foi movida por mágoa porque teve de deixar o posto depois da crise aérea.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que Denise aumentou o grau de exigências para a Anac autorizar a venda da Varig - além das recomendações feitas anteriormente pelo Departamento de Aviação Civil (DAC) - e teve praticamente todos os pedidos atendidos. ¿Vamos pôr os pingos nos `is¿ e esclarecer tudo na Comissão de Infra-Estrutura¿, comentou Jucá.
Links Patrocinados