Título: CSN vira rival da Vale em minério
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2008, Negocios, p. B19

Após briga pelos direitos do produto excedente de Casa de Pedra, CSN fecha primeiro contrato de exportação

Reuters

Depois de uma longa briga com a Vale pelos direitos da mina Casa de Pedra, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou seu primeiro grande contrato de longo prazo de fornecimento de minério de ferro.

O acordo, fechado com a Gulf Industrial Investment, uma pelotizadora do Bahrein, envolve fornecimento de minério fino produzido a partir da Casa de Pedra e da subsidiária Namisa. O prazo de fornecimento é de 25 anos a partir de 2009, com um volume mínimo contratado de 183,3 milhões de toneladas.

¿Nós estamos pegando carona nessa onda de crescimento do Oriente Médio. O minério fino consumido pela Giic será o principal produto das nossas minas a partir de 2012¿, afirmou o diretor-executivo de mineração da CSN, Juarez Saliba.

O executivo afirmou que a CSN trabalha desde o início do ano com a Giic, que atualmente tem capacidade de produção de 5 milhões de toneladas de pelotas por ano, capacidade que subirá para 11 milhões a partir de 2009, quando será inaugurada uma nova planta. ¿Eles estão se preparando para ser a principal fornecedora de matéria-prima para produção de aço no Oriente Médio¿, disse Saliba.

Segundo ele, a CSN já tem a produção de minério de 2008 totalmente vendida. Para 2009, o nível está em 90%. A capacidade de produção anual de minério é de 35 milhões de toneladas. Em 2012, espera-se um volume de 100 milhões de toneladas.

Neste ano, CSN prevê exportar mais de 20 milhões de toneladas de minério pelo porto da companhia em Itaguaí, no Rio de Janeiro. Para 2009, as vendas externas devem subir para mais de 30 milhões de toneladas, com a maior parte indo para a China e também para Europa e Oriente Médio. ¿Hoje, falta minério no mercado. Nossa idéia é nos comprometermos com contratos de longo prazo para quase toda a nossa produção¿, afirmou Saliba.

Para o analista da corretora Brascan, Rodrigo Ferraz, o contrato é positivo para a CSN, porque traz respostas para umas das grandes dúvidas do mercado. ¿Ele dá um nível de segurança, garante que a produção será vendida¿, acrescentou o analista. Segundo ele, o acordo equivale a cerca de 10% da produção estimada de minério de ferro de Casa de Pedra para 2013, de 70 milhões de toneladas.

A CSN tem intenção de vender parte da Namisa este ano e avalia estudos para uma oferta de ações de Casa de Pedra. Segundo Saliba, a CSN tem recebido interessados em assumir participações minoritárias e até de controle na Namisa.

DESCRUZAMENTO

Em janeiro deste ano, o Supremo Tribunal Federal decidiu contra a Vale em uma tentativa da empresa de manter seu direito de preferência do minério de ferro excedente de Casa de Pedra. A mina fez parte do descruzamento acionário entre Vale e CSN em 2001, quando a Vale ficou com direito de comprar o minério excedente ao utilizado na produção de aço pela CSN.

Após comprar várias mineradoras no Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu que a Vale teria de optar entre manter o direito de preferência ou vender a Ferteco. A Vale recorreu da decisão, mas perdeu neste ano. A CSN ficou liberada para vender o minério excedente.

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