Título: Comércio diz que corte de tributo foi perdido por causa da inflação
Autor: Dantas, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2008, Nacional, p. A6

A cobrança insistente do presidente Lula para que as empresas reduzam preços ao consumidor com o fim da CPMF tem pouca chance de surtir efeito no varejo. Em discurso anteontem, Lula comentou, irônico, que não viu um único produto que tivesse redução de 0,38% no custo para o consumidor.

O fim da CPMF, em dezembro, deveria ter repercutido em toda a cadeia produtiva, com redução dos preços, mas não foi perceptível no varejo. E a inflação, segundo o comércio, é a principal culpada.¿O repasse de 0,38%, que era a alíquota da CPMF, acabou sendo absorvido pelo aumento de custos da indústria, principalmente de alimentos¿, diz o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Martinho Paiva Moreira. ¿Sem a CPMF a alta dos preços talvez fosse maior.¿

Além dos aumentos , ele acha que a adoção do sistema de substituição tributária (o ICMS é pago antecipadamente pelo fabricante) bagunçou o mercado. ¿É impossível separar o que foi alta do produto por pressão inflacionária do que subiu por conseqüência do sistema de antecipação tributária e se houve corte de preço com o fim da CPMF.¿

Mesma avaliação faz o economista Emílio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo: ¿O corte de 0,38% que deveria ser repassado nos preços se perdeu no pulo da inflação.¿ Segundo ele, no atacado a inflação dos últimos 12 meses, até maio, está em 15,36%, e o IPCA, que capta os preços ao consumidor, teve variação de 5,58% no mesmo período. ¿A alta do atacado está três vezes maior do que a inflação do varejo. Não existe mais espaço para redução de preços pelo fim da CPMF¿, avalia.

Mas ele não vê sentido na ironia do presidente. ¿Os números do Produto Interno Bruto (PIB) mostram que a economia real cresceu 5,5% no primeiro trimestre do ano, enquanto os impostos aumentaram 8%. Lula está chorando de barriga cheia.¿

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com o fim da CPMF, convocou empresários de vários setores para pedir que reduzissem seus preços. Não há informações sobre o resultado do apelo.

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