Título: Protesto contra Yeda tem 25 feridos
Autor: Ogliari, Elder
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2008, Nacional, p. A8

Brigada Militar impede manifestação de sem-terra, agricultores, desempregados e estudantes; 12 são presos

A Brigada Militar (a Polícia Militar gaúcha) impediu que uma manifestação de cerca de 800 sem-terra, pequenos agricultores, trabalhadores desempregados e estudantes chegasse às portas do Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul, ontem. Durante o cerco policial houve dois confrontos que deixaram 25 pessoas feridas. Doze participantes do protesto foram presos.

Em outra manifestação, cerca de 50 estudantes universitários e secundaristas marcharam por ruas centrais da cidade e ficaram meia hora diante do Palácio Piratini gritando palavras de ordem contra o governo gaúcho. Não houve incidentes.

Durante a concentração para a marcha, os sem-terra indicaram que protestariam contra o escândalo de corrupção que atinge o governo gaúcho, responsabilizado por uma fraude de R$ 44 milhões no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). As irregularidades foram descobertas no fim do ano passado pela Polícia Federal e seus desdobramentos mergulharam o governo de Yeda Crusius (PSDB) em profunda crise política.

Logo depois de iniciar a caminhada, manifestantes derrubaram as grades de um supermercado para fazer um protesto. Houve cerco da Brigada Militar e logo em seguida um conflito, no qual os soldados dispararam balas de borracha e foram atingidos por paus e pedras.

Contornado o tumulto, o grupo seguiu em direção ao Parque Harmonia, sob vigilância da Brigada Militar. Quando chegou, obstruiu uma rua de acesso à Receita Federal e foi dispersado novamente, em outro confronto. Os manifestantes foram para dentro do parque e de lá voltaram para o interior do Estado, sem chegar ao palácio.

Do total de feridos, 17 eram manifestantes e 8 policiais, segundo levantamento feito pelos dois lados. O Hospital de Pronto-Socorro informou que atendeu 14 pessoas, das quais 11 eram participantes do protesto e 3 brigadianos. Nenhum dos casos foi considerado grave.

Yeda apoiou a ação da polícia. ¿A manifestação foi dissolvida e quero cumprimentar a inteligência e as ações da Brigada Militar.¿ Para ela, quem feriu a ordem foram os manifestantes.

TRANSIÇÃO

O gabinete de transição montado por Yeda para enfrentar a crise em seu governo se reuniu pela primeira vez ontem, já com uma substituição. O ex-governador Jair Soares, indicado pelo PP, deixou o grupo antes mesmo de começar os trabalhos, e não deu explicações para sua decisão. Foi substituído pelo ex-deputado estadual Otomar Vivian.

Também participam representantes do PSDB, PTB e PPS. Na reunião, Yeda anunciou a contratação de 15 procuradores para atuar nas secretarias e realizar uma avaliação extraordinária de procedimentos. ¿É reafirmar as auditorias e transformá-las em disponíveis à população¿, explicou.

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