Título: SP melhora pouco, mas fica entre os primeiros
Autor: Cafardo, Renata; Rehder , Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2008, Vida&, p. A23

Nos rankings do Estado, o ensino médio teve o pior desempenho

São Paulo foi um dos Estados que menos aumentaram suas médias no Índice de Desempenho da Educação Básica (Ideb), mas se manteve entre as melhores notas do País. O Ideb paulista de 5ª a 8ª série de 4,3 - o mesmo de Santa Catarina - foi o mais alto registrado no Brasil. Entre 1ª e 4ª série, o índice do Estado foi de 4,9, acima da média do Sudeste e do Sul. A pior posição de São Paulo é no ranking do ensino médio, em sexto lugar, único em que aparece atrás de Minas.

Apesar disso, apenas nesse nível de ensino os estudantes paulistas conseguiram passar as metas estipuladas pelo Ministério da Educação (MEC) para 2009. Esse resultado é diferente do que ocorreu na nota geral do País, em que o Ideb de 2007 foi superior ao objetivo traçado para 2009 em todos os níveis. "Pelo seu orçamento maior, São Paulo tem a obrigação e a responsabilidade de puxar o Brasil para cima", diz a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Dorinha Rezende.

Para a secretária estadual da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, o fato de São Paulo ter crescido menos suas notas (no máximo 5% com relação a 2005) não é um problema, já que o Estado tinha médias mais altas que a maioria. Ela credita o melhor desempenho do ensino médio ao investimento do governo, já que 87% dos alunos do 3º ano cursam escolas estaduais e não técnicas ou privadas. O Ideb divulgado levou em consideração todas as redes públicas de ensino do País.

Para o diretor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Sérgio Leite, um dos problemas que o índice esconde em São Paulo é a desigualdade das escolas. "Por ser muito grande, não há uma rede única. Escolas públicas da periferia e as que atendem de classe média são diferentes." Dessa maneira, mesmo sem a melhora de desempenho das piores escolas, a média do Estado pode aumentar só com o crescimento das notas das melhores.

Os resultados de São Paulo, de certa forma, diminuem o mal-estar surgido com a divulgação da avaliação internacional Pisa, no ano passado, que mostrou que as médias do Estado não ajudavam a subir a nota do País. Em 2007 também, pela primeira vez, todos os alunos paulistas de 4ª e 8ª série participaram da Prova Brasil. A não-adesão do Estado no exame de 2005 - a prova só acontece de dois em dois anos - era apontada como motivo para distorção de desempenho de São Paulo com relação ao resto do País. "Qualquer melhoria de São Paulo surte efeitos positivos. Dos 9 milhões de alunos do ensino médio do País, 1,5 milhão estudam em escolas públicas de São Paulo", disse a secretária.

SURPRESA

Ao receber a notícia de que o Estado de São Paulo tem o melhor ensino de 5ª a 8ª série do País, a vice-diretora da Escola Estadual Paulo Rossi, Evangelina Fátima de Souza Sieiro, se surpreendeu. "É bom ser o melhor, mas acho que ainda há muito o que melhorar." Para ela, a recente divulgação dos resultados das avaliações ajuda as escolas a melhorarem. No entanto, Evangelina ressalta que as escolas estaduais ainda enfrentam desafios, como a alta rotatividade de professor.

Número

9 milhões é o total de estudantes matriculados na educação básica pública do Estado de SP, sendo a maior parte deles na rede estadual