Título: Quattor nasce com receita de R$ 9 bi
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/06/2008, Negócios, p. B16
Companhia já fala em ampliar capacidade a partir de 2012
A companhia petroquímica Quattor, parceria entre Petrobrás e Unipar lançada oficialmente ontem, nasce com um faturamento estimado em R$ 9 bilhões por ano. Em sua primeira entrevista, o presidente da empresa, Vítor Malmann, disse que o foco principal da Quattor, neste momento, é a conclusão do plano de investimentos de R$ 2 bilhões em curso.
O valor será destinado à ampliação das unidades existentes da empresa, que agrega a Petroquímica União, a Rio Polímeros, a Polietilenos União e participações no setor da Petrobrás, Unipar e Suzano. ¿A agenda agora é concluir esse plano de investimentos e nos prepararmos para um novo ciclo, para ampliar a capacidade a partir de 2012¿, disse Malmann.
A principal acionista da Quattor é a Unipar, com 60% das ações, enquanto a Petrobrás detém os outros 40%. O conselho de administração terá seis representantes da Unipar e quatro da Petrobrás. A empresa foi dividida em três unidades: a área de petroquímicos básicos, que será comandada por Rubens Aprobato; a de polipropileno, por Armando Bighetti; e a de polietileno, por Mauro Quirino.
O lançamento da Quattor, porém, mostrou que ainda não há sintonia sobre a composição do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), projetado pela Petrobrás. O presidente da nova companhia afirmou que o pólo fluminense é caminho natural para o crescimento da companhia, mas ainda há questões importantes a esclarecer, como, por exemplo, o custo da matéria-prima para a produção de resinas.
A Quattor é resultado do processo de consolidação da petroquímica do Sudeste, iniciado no ano passado sob a liderança da Petrobrás. Para o diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, a presença da nova companhia no Comperj é certa. ¿Concluímos uma etapa importante e agora vamos respirar um pouco para começar a pensar o Comperj¿, afirmou Costa, para quem a única indefinição reside no tamanho da participação da Quattor no pólo.
¿O foco agora é a modelagem societária, as regras de participação na segunda geração do pólo. A Quattor vai olhar fábrica por fábrica e poderá ser majoritária em algumas e minoritária em outras¿, completou o diretor da Petrobrás. ¿A nossa participação depende da análise econômica do projeto¿, disse Malmann mais tarde. Ao saber da declaração do executivo da Petrobrás, ele disse que Costa ¿conhece melhor o projeto¿ e pode contribuir com elementos para ajudar na avaliação.
Para a Petrobrás, a fusão de seus ativos petroquímicos com Unipar e Suzano, que resultou na Quattor, não faz tanto sentido se esta última não se envolver com o Comperj. O complexo deve entrar em operação em 2012, com capacidade para processar 200 mil barris de petróleo por dia. A produção principal será de matéria-prima para a indústria petroquímica. O custo dessa matéria-prima está no centro das discussões, já que as empresas interessadas na segunda geração querem se apropriar de parte do desconto que o pólo terá ao comprar petróleo pesado da Bacia de Campos, a um custo menor.
NÚMERO
R$ 2 bilhões é o valor dos investimentos em curso na nova petroquímica