Título: Ao lado de vice de Serra, Kassab parte para ataque a Marta e ao PT
Autor: Macedo, Fausto; Manzano Filho, Gabriel
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2008, Nacional, p. A4

¿Não podemos ficar no botox¿, discursou na convenção, quando também culpou Lula pelos problemas no trânsito

Num discurso de quase uma hora, diante de uma militância animada e barulhenta, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), assumiu ontem, formalmente, sua candidatura à reeleição e já revelou a estratégia para a campanha: bater forte na rival Marta Suplicy (PT), tentando polarizar com ela o debate para reduzir o espaço do tucano Geraldo Alckmin. ¿Assumo a candidatura como peça essencial da aliança para dar mais qualidade de vida aos paulistanos¿, disse o prefeito, no final da convenção do DEM, na Assembléia Legislativa.

Kassab foi indicado por aclamação, pouco antes, pelos 81 convencionais do partido. Em outra sala, perto dali, o PMDB fazia sua convenção, que ratificou a adesão ao prefeito. Ele já conta com o apoio do PR, decidido em convenção quarta-feira, e deve receber hoje o do PV.

Ao seu lado, a tropa de choque era respeitável. Em nome do governador José Serra, apareceu o vice Alberto Goldman, que brilhou pelos descuidos (leia ao lado). Além dele, o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, e a grande maioria dos vereadores do PSDB. Também compareceram o presidente estadual do PMDB, Orestes Quércia, e a cúpula do DEM - o presidente nacional, deputado Rodrigo Maia (RJ), o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, o secretário estadual de Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos, e o ex-vice-governador Claudio Lembo, entre outros.

Kassab começou o discurso com um ¿oooi, gente!¿ e logo saiu batendo no PT, que acusou de ¿pouca seriedade¿ com a coisa pública. ¿Minha proposta é radicalizar no caminho da seriedade.¿ Aos poucos, foi desfiando ironias contra Marta. ¿O que tem de aparecer não é uma grife famosa, mas o que se faz pelo povo¿, declarou. Mais adiante, sobre obras anunciadas e não realizadas: ¿Não podemos ficar só no botox.¿ Fechando o cerco, advertiu: ¿Não podemos permitir que os responsáveis pelos problemas que enfrentamos ponham a perder tudo o que construímos.¿

Ao abordar suas realizações, demorou-se na lista de obras e na campanha Cidade Limpa. Também disse ter fechado ¿todos os bingos e mais de 200 postos que vendiam combustível adulterado¿. Mas não reservou mais que 30 ou 40 segundos para falar do trânsito. Queixou-se do governo federal, ¿omisso na recuperação da malha metroviária¿.

Entre suas promessas, falou em ¿universalizar o período integral para o ensino fundamental¿ e continuar construindo mais unidades de assistência médico-ambulatorial (AMA).

Antes dele, o presidente do DEM, deu a palavra de ordem à militância: ¿Não adianta só eleger Kassab, tem de ter grande número de vereadores.¿

ESCADA

A peemedebista Alda Marco Antônio, sua provável vice, saiu-se com uma alfinetada que antecipa outra linha da campanha: ¿Só Kassab quer governar São Paulo. Os outros candidatos querem a prefeitura como escada para seus projetos.¿

Do lado de fora da Assembléia, um palco foi montado para um showmício (antes da campanha não é proibido) que só ficou no show, visto que o prefeito foi embora, por volta de 13 horas, sem aparecer. Ali, desde 10 da manhã, um sistema de som barulhento e animadores incansáveis apresentaram músicas que centenas de ¿militantes¿, com camisetas de vários vereadores, cantavam junto.