Título: Crédito imobiliário cresce 75,9%
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/06/2008, Economia, p. B1

Em cinco meses, financiamento alcançou R$ 9,74 bi; em unidades vendidas, maio atingiu maior marca em 20 anos

A venda de casa própria com dinheiro da caderneta de poupança, que sozinha representa 65% do crédito imobiliário, atingiu no mês passado a maior marca em 20 anos em número de unidades financiadas. Em um único mês, foram aprovados financiamentos para compra de 22.069 imóveis novos e usados destinados à moradia, número 35,6% maior em relação a igual período de 2007, segundo dados reunidos pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) a partir de informações do Banco Central (BC).

Os créditos para a compra desses imóveis somaram R$ 2,2 bilhões em maio e R$ 9,744 bilhões neste ano. Em apenas cinco meses deste ano, o montante de financiamentos aumentou 75,9% em relação ao mesmo período de 2007 e superou em 4,3% a cifra total de contratada no ano inteiro de 2006 (R$ 9,340 bilhões). Os recursos aprovados de janeiro a maio deste ano financiaram a compra de 95.956 imóveis, quase a metade do que foi aprovado no ano inteiro de 2007, quando o número de unidades financiadas totalizou 195.900 imóveis.

¿Estamos vivendo hoje um excelente momento para o crédito imobiliário¿, afirma o presidente da Abecip, Luiz Antonio França. A estabilidade econômica, que permitiu o alongamento dos prazos de financiamento em até 30 anos com juros baixos, associada à possibilidade de reaver o imóvel (alienação fiduciária) em caso de falta de pagamento, são os fatores que sustentam esse cenário favorável, diz o executivo.

Nem mesmo o aumento da inflação e a elevação da taxa básica de juros, que ocorre nos últimos meses, devem frear o crédito imobiliário. ¿A alta dos juros não é representativa na formação da TR (Taxa referencial), diz França. Hoje a prestação do imóvel financiado com recursos da poupança tem juros a partir de 6,75% ao ano, acrescida da variação da TR.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), João Claudio Robusti, é mais cauteloso na análise. ¿O impacto da alta dos juros poderá ter reflexos negativos no crédito imobiliário no ano que vem.¿

Para este ano, Robusti acredita que o cenário favorável deverá ser mantido com crescimento de 10,2% no Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil. A construção civil imobiliária deverá responder por 40% desse crescimento total, que será liderado pelas grandes obras de infra-estrutura.

Enquanto a alta dos juros não afeta o setor, o presidente do Sinduscon-SP faz projeções positivas para este ano. Nas suas contas, cerca de 220 mil imóveis deverão ser financiados em 2008 com recursos da poupança, um número 12% maior ante 2007. Em valores, o crédito imobiliário bancado pela poupança pode chegar a R$ 25 bilhões em 2008, ante R$ 18,2 bilhões em 2007.