Título: Está evidente que o fogo é inimigo
Autor: Ogliari, Elder
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2008, Economia, p. B4
Dilma diz não acreditar que gente do PT faça campanha contra ela
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, acredita que as acusações contra ela por conta de pressões que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) teria recebido para não criar obstáculos à venda da Varig para a VarigLog e pelo dossiê que levantou gastos do governo Fernando Henrique Cardoso partem exclusivamente de adversários e não de integrantes atuais e antigos do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
¿Está cada vez mais evidente que o fogo é inimigo¿, afirmou Dilma, em entrevista à Rádio Gaúcha, ontem, refutando a idéia de manobras de aliados que poderiam estar interessados em enfraquecer a sua eventual candidatura à sucessão de Lula.
O ex-funcionário da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires, que teria repassado dados dos gastos do governo Fernando Henrique Cardoso a um assessor do deputado federal Álvaro Dias (PSDB), e a ex-diretora da Anac Denise Abreu, que acusou a ministra de pressionar a agência para não dificultar o negócio da Varig com o fundo Matlin Paterson, eram ligados ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
¿Não é nenhum fogo amigo que tem levado a isso, até porque os documentos relativos ao banco de dados (de onde saiu o dossiê) não chegaram às mãos da imprensa através do funcionário que entregou os dados¿, ressaltou Dilma.
¿Eles devem ter chegado através de algum outro mecanismo. Brasília inteira sabe através de quem, e não foi de fogo amigo.¿ Segundo a ministra, o raciocínio é o mesmo para as novas acusações. ¿Na caso da Anac, eu acredito que também tenha esse componente.¿
Dilma assegurou ainda que não tem a menor idéia do que teria levado Denise Abreu a acusá-la de pressionar a Anac. ¿São declarações falsas e é público e notório que esse processo da Varig ocorreu no âmbito da Justiça, conduzido pelo juiz (Luiz Roberto) Ayoub¿, disse ela.
Para a ministra, ¿é muito estranho que alguém tome uma decisão e alegue que tenha sido obrigada a isso pelo governo¿. ¿Há que provar¿, desafiou.
Ao falar da sucessão presidencial, Dilma insistiu que não interessa ao governo federal trazer o tema à baila com apenas um ano e meio de segundo mandato, quando começa a colher os frutos do amadurecimento dos programas que criou.
Ela admitiu, no entanto, que não há como não supor que, na escolha do sucessor do presidente Lula, o PT não será um dos principais protagonistas. ¿O candidato terá de passar necessariamente pelo PT¿, afirmou, com a ressalva de que ¿isso não está na pauta hoje¿.