Título: Teixeira deve depor no Senado
Autor: Costa, Rosa; Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2008, Economia, p. B5

Convidados, Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo alegam que estarão num tribunal.

Rosa Costa e Vera Rosa, BRASÍLIA

O advogado Roberto Teixeira é esperado hoje na Comissão de Infra-Estrutura (CIE) do Senado para falar sobre as denúncias de que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pressionou a Agência Nacional de Aviação (Anac) para facilitar a venda da VarigLog. Os sócios da empresa, Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo, cujos depoimentos estavam previstos também para hoje, informaram ontem ao presidente da CIE, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), que não poderão comparecer porque estarão numa audiência sobre a ¿exclusão injusta¿ dos três da VarigLog, em julgamento na Justiça de São Paulo.

O comparecimento de Teixeira não é dado como certo por integrantes da base aliada. O compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia condicionado sua presença a duas exigências ¿imprescindíveis¿: ser ouvido separadamente, sem se submeter a uma acareação com os sócios da VarigLog, e se manifestar por último. Ele alegou que o procedimento faria com que pudesse apresentar ¿todos os esclarecimentos necessários¿. Na ausência dos empresários, essas condições perderam o sentido.

O cancelamento da ida de Audi, Haftel e Gallo à Comissão não surpreendeu. Na segunda-feira, o advogado dos três, Marcelo Panella, havia confirmado a presença do grupo, ¿salvo um imprevisto de última hora¿. Eles serão convidados a depor em outra data, provavelmente na semana que vem.

Para o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), os depoimentos devem só confirmar o que, para ele, já está ¿comprovado com fatos e ações do governo¿. ¿Há provas impossíveis de serem contestadas¿, afirmou. Já o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que quer ouvir de Teixeira não apenas sobre a Varig, mas sobre a sua influência nos episódios relacionados à Transbrasil e à Vasp.

NO PLANALTO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não há nenhum problema com a venda da Varig. ¿É uma crise artificial¿, afirmou o presidente, na reunião da coordenação política do governo, no Palácio do Planalto. Embora o governo esteja apreensivo, o grau de preocupação é muito menor que na semana passada.

Lula abriu a reunião lembrando o depoimento da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu, que, na sua avaliação, foi considerado ¿pífio¿ como ¿uma laranja sem caldo¿. Disse, mais uma vez, que todo o negócio da Varig e da VarigLog está amparado por decisões judiciais.