Título: País pode ajudar a conter preços globais, diz BNDES
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2008, Economia, p. B11

Para Coutinho, medidas de estímulo a alimentos podem reduzir cotações

Adriana Chiarini e Alberto Komatsu, RIO

As medidas que o governo prepara com o objetivo de reduzir as pressões inflacionárias sobre os alimentos podem ajudar não só no mercado doméstico, mas também repercutir no exterior, avaliou ontem o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.

¿O presidente tem convocado o governo para a promoção da oferta de alimentos. Deverá em breve anunciar medidas nessa direção para que o Brasil ajude a mitigar pressões não só no mercado doméstico, mas até, em certos casos, no mercado internacional de preços de produtos agrícolas¿, afirmou Coutinho.

Ele disse que o governo está ¿muito preocupado com a inflação¿ e não limitou o interesse na alta de preços de alimentos, que citou apenas como exemplo do tipo de pressão que está no foco das atenções. Na avaliação de Coutinho, em algum momento a pressão sobre os preços das commodities vai se reduzir e a atual alta de inflação vai passar.

¿Não é tolerável ad eternum, pelo mundo, a continuação interminável da alta de algumas commodities, como o petróleo¿, disse o presidente do BNDES. ¿Eventualmente, algum ajuste de contas desse processo tem de vir. Mas, por enquanto, está em curso.¿

JURO REAL

Para ele e para o sócio da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, quando a atual alta de inflação passar, em prazo não determinado, o Brasil terá condições de ter uma taxa de juro real (descontada a inflação) em torno de 4% a 5% ao ano, como o México teve antes da pressão mundial dos preços.

O ex-presidente do BC tratou a inflação atual como conjuntural e foi o primeiro a dizer, durante um seminário sobre financiamento de longo prazo promovido pelo BNDES, que a taxa de juro real do Brasil pode, ¿depois da alta atual de inflação¿, baixar, como as do México, para algo em torno de 4% ao ano.

Luciano Coutinho concordou com Fraga, ressalvando não saber quanto tempo vai durar a pressão internacional dos preços de commodities, entre elas o petróleo. ¿Quero compartilhar essa visão de que não há razão para que a taxa de juros real brasileira no médio e no longo prazo não venha a convergir para o padrão mexicano, de 4% a 5% ao ano,¿ afirmou o presidente do BNDES.

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