Título: Lula teme inflação, mas garante crescimento
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2008, Economia, p. B11

Em reunião no Planalto, presidente elogia atuação da equipe econômica

Vera Rosa, BRASÍLIA

O governo está preocupado com a alta dos alimentos, mas avalia ser possível controlar a inflação e manter o crescimento econômico. O diagnóstico foi feito ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião da coordenação política. Lula cobrou empenho dos ministros no lançamento do Programa de Incentivo à Produtividade da Agricultura Familiar, previsto para o fim do mês.

O grande desafio do governo, disse o presidente, é conter a escalada inflacionária. Da mesma forma que fez na reunião ministerial, há nove dias, Lula destacou a importância do programa de estímulo à produção de fertilizantes. Lembrou que o Brasil importa 80% dos fertilizantes e alguns subiram 300% nos últimos meses. Para o presidente, o aumento do preço dos alimentos é um fenômeno mundial.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse aos colegas que é importante mostrar o governo unido para enfrentar a alta dos preços. A ordem é manter o discurso de que tudo está sendo feito para combater a inflação. Na avaliação da cúpula do governo, as medidas preventivas para arrefecer as pressões inflacionárias já começaram a surtir efeito.

Entre as medidas estão os aumentos do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), da taxa básica de juros, pelo Banco Central, e da meta de superávit primário para 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Para Lula, os ajustes estão corretos, pois os incentivos à produção de alimentos vão gerar excedentes para exportação, aproveitando a alta das commodities.

Para estimular o cultivo do feijão, Mantega e o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, decidiram ontem fixar um valor mínimo para o produto. A medida evita oscilações bruscas de preço, dando mais segurança ao agricultor. Segundo Stephanes, o preço mínimo deve ficar em R$ 90 por saca de 60 quilos, valor que cobre o custo de produção, de R$ 70 por saca. Hoje, a saca custa custa R$ 150 no mercado doméstico.

O ministro disse que há um ano a saca era vendida por R$ 60, valor que caiu a R$ 38, o que desestimulou o plantio. Com a queda na produção, a saca chegou a ser negociada por R$ 210 há 90 dias. ¿Precisamos ter uma política que evite a volatilidade.¿

MEIRELLES

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira à noite, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que a alta inflacionária já é uma realidade cada vez mais presente no País. ¿73% dos itens (que compõem os índices de preços) estão subindo. Essa é a má notícia¿, disse. ¿A boa notícia é que temos o remédio e o Copom soube fazer o diagnóstico a tempo de combater o problema, sem comprometer o crescimento do País.¿ COLABOROU FABÍOLA SALVADOR

Links Patrocinados