Título: InBev faz lobby nos EUA para compra da Anheuser
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2008, Economia, p. B17

Presidente da cervejaria reúne-se com políticos e faz apelo à população

A compra da Anheuser-Busch pela belgo-brasileira InBev transformou-se num problema político. Ontem, o presidente-executivo da InBev, Carlos Brito, foi aos Estados Unidos para fazer lobby pela venda da dona da Budweiser. A oferta de US$ 46 bilhões, feita recentemente, enfrenta resistências de políticos do Missouri, Estado onde fica a sede da cervejaria americana. Eles temem cortes drásticos de empregos numa eventual aquisição.

Em Washington, Brito encontrou-se com a senadora democrata Claire McCaskill. Na reunião, que durou meia hora, ela disse ao executivo que era ¿passionalmente oposta à venda¿, segundo sua porta-voz. A viagem é parte de uma ofensiva para convencer e tranqüilizar políticos, associações de trabalhadores e a opinião pública.

Por meio de comunicado, a InBev informou que está ¿comprometida em explicar toda a estratégia de crescimento e de preservação da herança da Anheuser-Busch para todos os acionistas envolvidos¿.

Não será uma tarefa fácil. A região de St. Louis, onde está a sede da Anheuser-Busch, é uma das maiores empregadoras do Missouri. Na terça-feira, em carta aberta à população da cidade, Brito reiterou as promessas, acrescentando que a empresa manteria a presença cívica e o suporte de certas instituições, o que a InBev acredita ser parte do segredo da Anheuser-Busch como corporação e da Budweiser como marca.

Ele escreveu também que a InBev não tem histórico de cortes em transações como essa. Segundo a carta, nos últimos três anos, a InBev criou 12 mil empregos e cresceu 7% ao ano.

Alguns legisladores do Missouri levantaram dúvidas sobre a proposta da InBev, de US$ 65 por ação, e expressaram desejo de manter a fabricante da Budweiser como uma companhia de capital nacional.

Um dia antes do encontro, o governador do Missouri, Matt Blunt, havia pedido à Comissão Federal de Comércio uma revisão do acordo proposto. Ontem, o político avisou que fará tudo o que puder para bloquear a operação.

O número um da InBev indicou que não vai aumentar sua proposta. ¿É um preço justo, completo¿, disse Brito. Após a reunião com a senadora, ele afirmou acreditar que o conselho da Anheuser-Busch tomará a decisão correta e aceitará a oferta.

O executivo se recusou a comentar se a InBev fará uma oferta hostil. Disse apenas que não há um prazo final para que o conselho da Anheuser-Busch tome uma decisão.

Apesar das palavras fortes, Claire McCaskill admitiu que, como senadora dos Estados Unidos, provavelmente terá pouca autoridade para impedir que um acordo seja fechado.

BUFFET

O megainvestidor Warren Buffett, segundo maior acionista da Anheuser-Busch, apóia a oferta de compra, segundo noticiou ontem o jornal belga De Standaard, citando fontes.

O jornal britânico The Observer informou ainda que Buffett, que deve ter um papel fundamental nas negociações, planeja reunir-se esta semana com o presidente da Anheuser-Busch, August Busch IV, para discutir a oferta.

AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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