Título: País importará gás, mas estatal nega apagão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/07/2008, Economia, p. B13

Carregamento de Trinidad e Tobago chega esta semana

O Brasil importará gás natural da Venezuela a partir de 2013 e, nesta semana, um carregamento será entregue ao País vindo de Trinidad e Tobago. Apesar disso, a Petrobrás diz que "não há um apagão de gás". Nos últimos dias, secretarias de energia de alguns Estados têm criticado a falta de gás e alertado que projetos poderiam ser suspensos.

"Não há uma falta de gás no Brasil nem no curto, médio ou longo prazo", afirmou Maria das Graças Foster, diretora do Departamento de Gás da estatal, que ontem participou do Congresso Mundial de Petróleo.

Segundo ela, as empresas e governos que mantêm contratos com a companhia sabem exatamente quais são as condições de fornecimento. "O que existe é o começo da aplicação de diferentes contratos que foram assinados nos últimos meses, que prevêem a flexibilidade para a colocação do gás no mercado brasileiro", explicou a diretora.

Segundo ela, há vários contratos em vigor com diferentes modalidades de entrega. "Os contratos flexíveis prevêem a interrupção do gás segundo descrito nos seus artigos. O montante que não entregue é substituído por óleo combustível ou óleo diesel", garantiu. "Os clientes sabem exatamente quando e por quais motivos ocorre a interrupção. Não há surpresa para ninguém", afirmou.

Mas, em um esforço para diversificar suas fontes, a estatal confirmou que negocia com a PDVSA um memorando de entendimento para garantir a importação. Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria insistido em que a Petrobrás se aproxime mais da Venezuela. Na segunda-feira, a empresa brasileira acabou assinando acordo com os venezuelanos, mas garante que a decisão não tem qualquer relação com uma eventual pressão de Lula.

"A decisão foi nossa e o objetivo é o de abastecer o mercado interno, principalmente no Norte e Nordeste", afirmou a Maria das Graças. Segundo ela, a empresa não participará da construção de unidades na Venezuela, que ficará com a PDVSA.

A compra virá de duas plantas, cada uma com a capacidade de produção de 4,5 milhões de toneladas. O Brasil ficará com 1 milhão de toneladas por ano. Os detalhes sobre o acordo, porém, ainda serão negociados. "Temos um ano para definir os detalhes. O que fizemos é iniciar a negociação. Para nós, será um projeto muito importante. Mas não passará de uma relação comercial."

Para o transporte do gás, a Petrobrás estuda várias opões, entre elas ferrovias e até caminhões. A idéia de um gasoduto parece não avançar. O presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, confirmou o interesse da empresa de participar de uma licitação para produzir petróleo na Venezuela e indicou que em breve poderá concluir a negociação sobre uma empresa binacional que administrará refinarias no Nordeste.

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